Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2015 às 20h25.
Curitiba e São Paulo - A Polícia Federal suspeita que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque pode ter recebido obras de arte como pagamento de propina.
A PF tem indícios de que pelo menos três quadros entre os 131 apreendidos em sua residência, no Rio, na Operação 'Que País é esse', deflagrada segunda feira, 16, tenham sido pagos por um lobista, apontado como um dos 11 operadores de propina que atuavam em nome de empreiteiras do cartel na área que era controlada pelo PT.
O lobista seria Milton Pascowitch. "Obras de arte são habitualmente pagas com dinheiro em espécie. É um mercado não muito rígido e muito fértil para lavagem de dinheiro", afirmou o delegado da Polícia Federal, Igor Romário de Paulo.
"Pelo menos três casos já foram identificados em que ele (Duque) escolheu quadro, comprou e solicitou que fosse pago pelo operador", disse o delegado.
O comprador seria Milton Pascowitch, dono da Jamp Engenheiro Associados. Ele e sua empresa são peças-chave nas investigações que envolvem o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) e sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria.
A empresa de Dirceu está sob suspeita de ter recebido dinheiro do cartel por consultorias frias. Ele prestou serviços de "lobby internacional" para a Engevix Engenharia, uma das empreiteiras do cartel na Petrobrás, de quem recebeu R$ 1,1 milhão.
Nesta quinta-feira, 19, a PF entregou no Museu Oscar Niemeyer 139 quadros apreendidos na Operação.
São 131 quadros e esculturas apreendidos na casa de Duque e oito telas recolhidas na casa do lobista Adir Assad, preso também na segunda-feira, em São Paulo.
A Operação Lava Jato apreendeu um acervo total de 203 quadros. Nos primeiros pacotes já entregues ao museu, apenas uma tela - da doleira Nelma Kodama - era réplica.