Doria vai reformar albergue para atrair moradores de rua
Projeto de Doria vai incluir reforma de albergues, cursos profissionalizantes e emprego remunerado na prefeitura, como já foi feito com Haddad
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de dezembro de 2016 às 10h47.
São Paulo - O prefeito eleito João Doria (PSDB) deve lançar no início da gestão um programa para tentar atrair moradores de rua que prevê a reforma dos albergues municipais, cursos profissionalizantes e até vagas de emprego remunerado em serviços contratados pela Prefeitura, como foi feito com usuários de drogas da Cracolândia no programa De Braços Abertos, bandeira da gestão Fernando Haddad (PT).
A equipe de Doria entende que os cerca de cem equipamentos municipais que recebem moradores de rua em esquema de pernoite ou 24 horas por dia não são convidativos e precisam ser reestruturados para que essa população "seja convencida" a trocar as ruas pelos abrigos da Prefeitura.
Segundo a gestão Haddad, há hoje cerca de 16 mil moradores de rua na capital. Doria, porém, acredita que este número esteja defasado e deve chegar próximo de 25 mil pessoas em um novo censo que será feito no início da sua administração.
De acordo com o tucano, o programa se chamará Espaço Vida e funcionará em parceria com a iniciativa privada, que fornecerá o material de construção e bancará as reformas, e com entidades do terceiro setor, que ficarão responsáveis pelos cursos de capacitação profissional.
"A ideia é que seja um espaço de moradia, convivência e trabalho, muito mais completo do que os albergues oferecem hoje. A escala que vamos perseguir é de uma coisa mais familiar, de cem equipamentos para dez pessoas, e não de um albergue para 1 mil pessoas, onde muitas delas nem se conhecem ou sequer se suportam", disse Soninha Francine, futura secretária de Assistência Social.
Por causa do porte das estruturas atuais, as reformas devem começar nos três maiores albergues da cidade (Complexo Prates, na Luz, Boraceia, na Barra Funda, e Zaki Narchi, no Carandiru), cada um com capacidade para cerca de 1 mil pessoas.
A ideia é construir no mesmo local canis e gatis, para que os animais que acompanham os moradores de rua durante o dia possam conviver com eles à noite, e equipamentos para capacitações específicas, como informática, panificação e tapeçaria.
"Essa parte de trabalhar é muito importante no processo de reinserção do morador de rua, e isso ainda é pouco aproveitado", disse Soninha. Parcerias com ONGs e igrejas que fazem trabalhos sociais devem ser ampliadas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.