Brasil

Doria apoia candidatos italianos de partido que defende o Lula

Partido italiano de extrema-esquerda é contrário às privatizações, ao livre-mercado e favorável ao aumento dos impostos para as empresas

No vídeo, publicado nas redes sociais, Doria declara “conhecer há muitos anos” os candidatos, “suas famílias, seu entusiasmo, sua determinação, seu curriculum”. (Ueslei Marcelino/Reuters)

No vídeo, publicado nas redes sociais, Doria declara “conhecer há muitos anos” os candidatos, “suas famílias, seu entusiasmo, sua determinação, seu curriculum”. (Ueslei Marcelino/Reuters)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 19h17.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2018 às 19h20.

O paulistano João Doria (PSDB) apresentou nesta segunda-feira um vídeo sobre as eleições italianas, marcadas para o dia 4 de março. O vídeo começa com Doria dizendo que tem um grande orgulho dos meus ancestrais italianos”, para depois afirmar “apoio incondicional” à candidatura de Silvana Rizzioli e de Walter Fanganiello Maierovitch. Os dois brasileiros se candidataram para senadora e deputado, respectivamente. A lei eleitoral italiana permite que os cidadãos italianos residentes no exterior, como por exemplo os descendentes dos imigrantes no Brasil, possam votar e se candidatar para a Câmara e o Senado.

No vídeo, publicado nas redes sociais, Doria declara “conhecer há muitos anos” os candidatos, “suas famílias, seu entusiasmo, sua determinação, seu curriculum”.

Rizzioli e Maierovitch são candidatos do partido “Liberi e Uguali”(LEU), (Livres e Iguais, na tradução em português). É um partido de extrema-esquerda, contrário às privatizações, ao livre-mercado e favorável ao aumento dos impostos para as empresas e os cidadãos mais ricos.

O partido, criando em 2017, é composto por ex-filiados do esquerdista Partido Democrático (PD) que decidiram abandonar a formação em aberta polêmica com o líder, o ex-primeiro ministro Matteo Renzi, considerado “de direita”.  O PD é o partido herdeiro do antigo Partido Comunista Italiano e o LEU decidiu se posicionar à esquerda do PD, juntando as forças mais radicais da esquerda italiana e rejeitando qualquer aliança.

Entre os lideres do LEU está o governador da região da Toscana, onde fica Florença, Enrico Rossi. No dia 25 de janeiro, imediatamente depois da condenação a 12 anos e um mês de prisão do ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Rossi escreveu no Facebook: “Foi um processo fraudulento, sem provas, contra Lula para que o mundo aprenda que um operário não pode se tornar presidente. A rica burguesia brasileira, que apoiou as ditaduras fascistas e corruptas, antes faz um golpe contra o governo democraticamente eleito de Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores, então nega um julgamento justo e faz sair da corrida presidencial o ex-presidente Lula, que estava prestes a vencer”. Rossi também è candidato pelo LEU nessa eleições, junto com Rizzoli e  Maierovitch.

Outro líder do LEU, o ex-primeiro ministro italiano Massimo D'Alema, assinou o manifesto de apoio ao ex-presidente Lula junto com outros intelectuais e políticos do mundo inteiro.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, também declarou seu apoio para a Rizzioli. “A Itália vai ter eleição este ano, os descendentes que tenham cidadania Italiana poderiam votar, tenho uma amiga Silvana Rizzioli esposa do querido amigo Valentino Rizzioli, que vai disputar uma vaga no Senado Italiano representando a América do Sul. Peço voto a ela, pessoa de nossa relação pessoal”, afirma o site da candidata.

A reportagem tentou entrar em contato com a assessoria do prefeito Doria, mas até o fechamento não obteve resposta.

 

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