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Doria adverte que Temer não tem "cheque em branco"

Doria também atacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chegou a afirmar que "Lula tem a mentira como princípio de vida"

João Doria: o prefeito, de 59 anos, preferiu não se pronunciar abertamente sobre uma eventual candidatura (Antonio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

João Doria: o prefeito, de 59 anos, preferiu não se pronunciar abertamente sobre uma eventual candidatura (Antonio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)

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EFE

Publicado em 6 de julho de 2017 às 17h02.

São Paulo - O prefeito de São Paulo, João Doria, afirmou em entrevista à Agência Efe que o Brasil precisa de uma renovação política e que os escândalos envolvendo o presidente Michel Temer impedem o PSDB e partidos da base de "dar a ele um cheque em branco".

Doria também atacou Luiz Inácio Lula da Silva pelo que definiu como "desonestidade" do ex-presidente e chegou a afirmar que "Lula tem a mentira como princípio de vida".

Empresário e ex-apresentador de televisão, Doria, do PSDB, entrou no cenário político em outubro do ano passado, quando venceu as eleições para a prefeitura de São Paulo no primeiro turno com 53% dos votos e um discurso de "bom administrador", e seu nome começou a aparecer nas apostas para as eleições presidenciais de 2018.

Porém, o prefeito, de 59 anos, preferiu não se pronunciar abertamente sobre uma eventual candidatura, ainda que tenha destacado que "as caras e os discursos novos" terão "mais oportunidades" em um Brasil submerso em escândalos de corrupção.

"De 2016 até agora, a situação só piorou, o contexto político piorou, a imagem dos políticos piorou, a visão da política piorou. Na minha maneira de ver, serão discursos novos, rostos novos e figuras novas que disputarão as eleições para o Executivo (...) os que terão mais oportunidades que os políticos tradicionais", afirmou Doria.

Na vitrine de políticos tradicionais, o prefeito colocou Lula, envolvido em cinco processos por corrupção, mas ainda líder nas pesquisas de intenção de voto para as eleições de 2018.

"Não gosto do ex-presidente Lula, deixei isso claro. Sou diferente. O que ele pensa, eu não penso; o que ele faz, eu não faço; o que ele pretende para o Brasil, eu pretendo exatamente o contrário (...) Ele gosta da desonestidade, eu da honestidade e da transparência", frisou.

Afilhado político do governador de São Paulo e potencial candidato presidencial pelo PSDB, Geraldo Alckmin, Doria lhe manifestou sua lealdade, mas admitiu que na política "cada dia é um novo dia" e não nega uma eventual candidatura para 2018.

"Mais à frente vamos ter que revisar constantemente essas posições e determinações no plano político", explicou Doria no seu gabinete na Prefeitura, onde guarda uma obra de Romero Britto e um recorte de jornal que lembra sua esmagadora vitória nas eleições.

Este é o mesmo planejamento que ele mantém ao falar sobre uma eventual saída do PSDB do governo de Michel Temer, admitindo que permanecer em um governo de baixíssima popularidade pode gerar um "desgaste" e um "risco" para os tucanos, mas Doria disse que a legenda tem o dever de "garantir a governabilidade do Brasil e o crescimento econômico".

"Se o PSDB deixar o governo, pode haver uma vibração no campo político que afeta a economia. Se isso acontecer, não vamos ter nenhum crescimento, e o desemprego vai aumentar", explicou.

"Alguém não pode dar um cheque em branco. Não pode ser um aval até dezembro de 2018. O PSDB deve fazer essa análise todos os dias. Enquanto houver governabilidade e não houver fatos mais graves que aqueles que já existiram, talvez se preserve essa circunstância", acrescentou.

Doria esclareceu que se surgirem novas denúncias de corrupção contra Temer, "talvez o PSDB não possa permanecer no governo", mas "tem que garantir a governabilidade", ainda que os ministros do partido saiam dele.

"É um grande jogo, um xadrez que se acompanha a cada movimento e a cada dia", disse.

Doria também comentou sobre o senador e ex-candidato à presidência Aécio Neves, que recentemente deixou a presidência do PSDB após se ver no centro de um escândalo de corrupção, para opinar que deve continuar fora da liderança do partido e dedicar mais tempo à defesa desse "longo e penoso processo".

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