Prédios desabam na zona oeste do Rio e deixam 3 mortos e feridos
Pelo menos uma pessoa foi resgatada com vida dos escombros pelos próprios moradores do Muzema, região controlada por milícias armadas
Agência Brasil
Publicado em 12 de abril de 2019 às 07h40.
Última atualização em 12 de abril de 2019 às 17h05.
Rio de Janeiro — Pelo menos três pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas após o desabamento nesta sexta-feira (12) de dois edifícios residenciais no Muzema, na zona oeste do Rio de Janeiro .
Fontes da prefeitura da capital fluminense relataram à Agência Efe que, além dos dois corpos retirados do local da tragédia, um homem morreu no Hospital Unimed-Rio, localizado na Barra da Tijuca, para onde foi encaminhado depois de ser resgatado.
No início, os órgãos de socorro tinham informado que um homem havia sido resgatado pelos vizinhos e que o mesmo foi levado pelo Corpo de Bombeiros a um hospital próximo.
Moradores da comunidade disseram que ao menos quatro famílias moravam nos edifícios de quatro andares, que estariam com as obras incompletas.
"Já foram socorridos dois feridos e houve dois óbitos. As equipes estão no local à procura de sobreviventes que possam estar soterrados", disse um porta-voz dos bombeiros.
Um homem que disse ser morador de um dos prédios disse a jornalistas no local que conseguiu escapar após ouvir um estalo. "Consegui escapar, mas teve gente que ficou para trás", afirmou.
O desabamento ocorreu dias após o Rio de Janeiro ser atingido por chuvas recordes que provocaram diversos danos na mesma região dos prédios que desmoronaram. A cidade decretou estágio de crise na noite de segunda-feira devido às chuvas, que deixaram 10 mortos.
Há risco de desabamento de outros edifícios limítrofes, de acordo com os bombeiros e a Defesa Civil. A Prefeitura do Rio de Janeiro, que espera divulgar nas próximas horas um balanço inicial sobre vítimas e danos materiais, comunicou que cerca de 60 edifícios da região foram construídos de maneira "irregular" em zonas de "alto risco de desmoronamento".
Os bombeiros chegaram ao local às 7h20 e começaram há pouco os trabalhos de resgate. Ainda não há informação sobre se os edifícios ainda estavam em construção ou se havia ocupantes.
Segundo o Centro de Operações Rio, equipes dos Bombeiros, Guarda Municipal e Polícia Militar atuam no local. Defesa Civil, Light e Cedae foram acionados.
Muzema
O bairro do Muzema, controlado por milícias armadas que impediam a demolição dos prédios irregulares, foi um dos mais afetados pelas fortes chuvas desta semana no Rio de Janeiro e que deixaram pelo menos dez mortos e dezenas de feridos.
Moradores do local denunciaram que as milícias ocupam terrenos e constroem residências para vender ilegalmente. De acordo com informações do Governo do Rio de Janeiro, as fortes tempestades deixaram pelo menos 1,2 mil desalojados e seis feridos em todo o estado.
Famílias
Pelo menos cinco famílias moravam nos prédios que desabaram na manhã de hoje (12) na comunidade da Muzema, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. A informação é do vice-governador, Claudio Castro. Segundo ele, duas pessoas morreram, um adulto e uma criança, e pelo menos três ficaram feridas. Equipes de reportagem acompanharam o resgate de mais uma pessoa.
"A informação que tínhamos é de que tem três famílias cadastradas na Clínica da Família e mais duas que se mudaram para cá na semana passada. A princípio, estima-se que ainda possa haver quatro famílias lá dentro", disse Castro, explicando que uma das famílias já foi resgatada.
Os edifícios que desabaram não tinham autorização da prefeitura e suas obras foram interditadas e embargadas pela prefeitura em novembro de 2018. Mas, como é a Muzema é uma área controlada por uma milícia, a prefeitura diz que precisa do apoio da polícia para atuar no local.
O vice-governador disse que o estado vem combatendo as milícias. "A gente está combatendo com a Polícia Civil, a questão de lavagem de dinheiro e do combate em si. Desde o início do governo, está sendo duramente combatida. É realmente um grande problema a questão da criminalidade em geral e a gente está batalhando para diminuir isso".