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Disputa política paralisa Banco do Brasil e Previ

Reuniões do alto comando têm se concentrado em torno da crise; definição de negócios fica em segundo plano. Planalto cogita demissões, dizem fontes

1. BB Progressivo: 57,99% (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2012 às 14h12.

São Paulo - A disputa interna no Banco do Brasil e que envolve também a Previ está congelando as atividades do maior banco e do maior fundo de pensão do país, aumentando a pressão sobre o governo para impor um desfecho sobre o caso.

Fontes disseram à Reuters que a definição de negócios importantes tem ficado em segundo plano, na medida em que avaliar os estragos expostos nos jornais entre Aldemir Bendine e Ricardo Flores, presidentes do BB e da Previ, respectivamente, têm tomado tempo dos executivos.

"Está tudo parado. Essa confusão paralisa", disse uma fonte familiarizada com a Previ, caixa de pensão dos empregados do BB.

No BB, reuniões do alto comando têm sido quase diárias para discutir o assunto, revelou uma fonte ligada ao banco. O aumento da repercussão do caso levou a presidente Dilma Rousseff a exigir que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a quem o BB se reporta, intervenha para resolver o assunto ainda nesta quarta-feira.

A briga ganhou contornos maiores desde a véspera, após o Ministério da Fazenda ter mandado o BB abrir sindicância para apurar suposto vazamento de sigilo bancário do ex-vice-presidente da área internacional da instituição Allan Toledo.

Segundo uma fonte a par da situação, Toledo teria sido demitido em dezembro por supostamente estar arregimentando apoio entre empresários e políticos para assumir a presidência do BB, com apoio de Flores.

Discussões sobre sucessão no comando do maior banco da América Latina vêm crescendo nos últimos meses, à medida que se aproxima o prazo em que Bendine completará, em abril, 30 anos como funcionário do banco.


A partir de então, Bendine poderia se aposentar com o salário que tem como presidente, cargo que ocupa já há quase três anos. O único impeditivo é sua idade de 48 anos, dois a menos do piso necessário para aposentadoria.

De todo modo, Bendine tem preparado o caminho para ser sucedido por um de seus aliados, Paulo Caffarelli, que assumiu o lugar de Toledo na vice-presidência internacional, e Alexandre Abreu, hoje na vice-presidência de novos negócios, antes ocupada por Caffarelli.

Em 2010, Bendine tentou emplacar Caffarelli para suceder Sergio Rosa no comando da Previ, mas teve que recuar após dossiês elaborados por lideranças políticas que acusavam o indicado de irregularidades anos antes quando trabalhara no fundo. As acusações mais tarde mostraram-se sem fundamento, mas Bendine foi obrigado a indicar Flores para o posto.

Flores é próximo de lideranças tanto do PT como do PMDB, os principais partidos da base governista. No início da semana, parlamentares do PT tentavam manter Flores no cargo. No início da tarde desta quarta-feira, no entanto, petistas já admitiam que ele seria afastado por ordem do Planalto.

"Mas não deve ser o único", disse uma fonte do partido que pediu para não ser identificada, indicando que o PT estaria exigindo também a saída do atual vice-presidente de governo do BB, Ricardo Oliveira.

À medida que o caso ganhou maiores contornos, outras fontes admitiam a possibilidade de o desfecho do assunto vir com a demissão simultânea de Flores e de Oliveira ainda nesta noite.

Segundo três lideranças do PT, inclusive um ministro, Oliveira se apresenta como um nome técnico dentro da direção do banco. E há insatisfação de lideranças políticas, especialmente do PT, com a falta de acesso ao BB, que tem pautado sua gestão com um perfil técnico sob proteção de Mantega.

Uma fonte do governo negou, no entanto, que demissões fossem iminentes. Em vez disso, a presidente Dilma teria determinado o fim das disputas, considerando que o bom desempenho de BB e Previ não justificaria uma atitude mais extrema. Mas demissões poderiam vir se a briga interna se mantiver.

Ainda segundo essa fonte, existe também uma queda de braço entre petistas e peemedebistas. "Os principais postos estão sendo alvo de cobiça de setores do PT e do PMDB, aproveitando-se das disputas entre os grupos de Bendine e de Flores."

Desde que assumiu o posto no começo de 2009, em meio à crise financeira global desencadeada meses antes, Bendine comandou a compra do banco paulista Nossa Caixa, concluiu a compra de metade do Banco Votorantim, além de deflagrar o processo de internacionalização do grupo, com a compra do argentino Patagônia e do Eurobank, nos Estados Unidos. O banco tem hoje cerca de 1 trilhão de reais em ativos.

Já a Previ, que deve divulgar nos próximos dias seus resultados de 2011, tinha no ano anterior um patrimônio de 152 bilhões de reais e era considerado pela publicação norte-americana Pensions & Investments o 24o maior fundo de pensão do mundo.

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São Paulo - A disputa interna no Banco do Brasil e que envolve também a Previ está congelando as atividades do maior banco e do maior fundo de pensão do país, aumentando a pressão sobre o governo para impor um desfecho sobre o caso.

Fontes disseram à Reuters que a definição de negócios importantes tem ficado em segundo plano, na medida em que avaliar os estragos expostos nos jornais entre Aldemir Bendine e Ricardo Flores, presidentes do BB e da Previ, respectivamente, têm tomado tempo dos executivos.

"Está tudo parado. Essa confusão paralisa", disse uma fonte familiarizada com a Previ, caixa de pensão dos empregados do BB.

No BB, reuniões do alto comando têm sido quase diárias para discutir o assunto, revelou uma fonte ligada ao banco. O aumento da repercussão do caso levou a presidente Dilma Rousseff a exigir que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a quem o BB se reporta, intervenha para resolver o assunto ainda nesta quarta-feira.

A briga ganhou contornos maiores desde a véspera, após o Ministério da Fazenda ter mandado o BB abrir sindicância para apurar suposto vazamento de sigilo bancário do ex-vice-presidente da área internacional da instituição Allan Toledo.

Segundo uma fonte a par da situação, Toledo teria sido demitido em dezembro por supostamente estar arregimentando apoio entre empresários e políticos para assumir a presidência do BB, com apoio de Flores.

Discussões sobre sucessão no comando do maior banco da América Latina vêm crescendo nos últimos meses, à medida que se aproxima o prazo em que Bendine completará, em abril, 30 anos como funcionário do banco.


A partir de então, Bendine poderia se aposentar com o salário que tem como presidente, cargo que ocupa já há quase três anos. O único impeditivo é sua idade de 48 anos, dois a menos do piso necessário para aposentadoria.

De todo modo, Bendine tem preparado o caminho para ser sucedido por um de seus aliados, Paulo Caffarelli, que assumiu o lugar de Toledo na vice-presidência internacional, e Alexandre Abreu, hoje na vice-presidência de novos negócios, antes ocupada por Caffarelli.

Em 2010, Bendine tentou emplacar Caffarelli para suceder Sergio Rosa no comando da Previ, mas teve que recuar após dossiês elaborados por lideranças políticas que acusavam o indicado de irregularidades anos antes quando trabalhara no fundo. As acusações mais tarde mostraram-se sem fundamento, mas Bendine foi obrigado a indicar Flores para o posto.

Flores é próximo de lideranças tanto do PT como do PMDB, os principais partidos da base governista. No início da semana, parlamentares do PT tentavam manter Flores no cargo. No início da tarde desta quarta-feira, no entanto, petistas já admitiam que ele seria afastado por ordem do Planalto.

"Mas não deve ser o único", disse uma fonte do partido que pediu para não ser identificada, indicando que o PT estaria exigindo também a saída do atual vice-presidente de governo do BB, Ricardo Oliveira.

À medida que o caso ganhou maiores contornos, outras fontes admitiam a possibilidade de o desfecho do assunto vir com a demissão simultânea de Flores e de Oliveira ainda nesta noite.

Segundo três lideranças do PT, inclusive um ministro, Oliveira se apresenta como um nome técnico dentro da direção do banco. E há insatisfação de lideranças políticas, especialmente do PT, com a falta de acesso ao BB, que tem pautado sua gestão com um perfil técnico sob proteção de Mantega.

Uma fonte do governo negou, no entanto, que demissões fossem iminentes. Em vez disso, a presidente Dilma teria determinado o fim das disputas, considerando que o bom desempenho de BB e Previ não justificaria uma atitude mais extrema. Mas demissões poderiam vir se a briga interna se mantiver.

Ainda segundo essa fonte, existe também uma queda de braço entre petistas e peemedebistas. "Os principais postos estão sendo alvo de cobiça de setores do PT e do PMDB, aproveitando-se das disputas entre os grupos de Bendine e de Flores."

Desde que assumiu o posto no começo de 2009, em meio à crise financeira global desencadeada meses antes, Bendine comandou a compra do banco paulista Nossa Caixa, concluiu a compra de metade do Banco Votorantim, além de deflagrar o processo de internacionalização do grupo, com a compra do argentino Patagônia e do Eurobank, nos Estados Unidos. O banco tem hoje cerca de 1 trilhão de reais em ativos.

Já a Previ, que deve divulgar nos próximos dias seus resultados de 2011, tinha no ano anterior um patrimônio de 152 bilhões de reais e era considerado pela publicação norte-americana Pensions & Investments o 24o maior fundo de pensão do mundo.

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