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Diretor da PF deve deixar cargo e Moro tenta fazer sucessor, diz fonte

Auxiliares do governo tentam garantir a permanência de Moro e buscam uma solução que atenda tanto ao ministro da Justiça quanto ao presidente

Moro: ministro mais popular do governo ameaçou pedir demissão nesta quinta-feira, 23 (Adriano Machado/Reuters)

Moro: ministro mais popular do governo ameaçou pedir demissão nesta quinta-feira, 23 (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 23 de abril de 2020 às 18h51.

Última atualização em 24 de abril de 2020 às 16h54.

O diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, deve deixar o cargo para o qual foi escolhido pessoalmente pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, desde o início do governo Jair Bolsonaro, disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto na noite desta quinta-feira.

Moro trabalha para fazer o sucessor de Valeixo no cargo e disse que não aceita a escolha de um nome do presidente ou uma indicação política. Se isso ocorrer, o ministro pretende deixar o governo, disse essa fonte.

Mais cedo, em reunião no Palácio do Planalto, Bolsonaro avisou a Moro que iria trocar o chefe da PF, disse a fonte. O ministro da Justiça disse-lhe inicialmente que não via sentido em permanecer no cargo caso houvesse a mudança de Valeixo, segundo a fonte.

Os ministros da Casa Civil, Braga Netto, do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, começaram a atuar então para garantir a permanência de Moro e buscam uma solução que atenda tanto ao ministro da Justiça quanto ao presidente.

Crise

Essa foi a segunda vez que o presidente tentou impor um novo nome na cúpula da corporação. No ano passado, após Bolsonaro antecipar a saída do superintendente da corporação no Rio de Janeiro, Ricardo Saad, ministro e presidente travaram uma queda de braço pelo comando da PF.

Em agosto, o presidente antecipou o anúncio da saída de Saadi do cargo, justificando que seria uma mudança por “produtividade” e que haveria “problemas” na superintendência.

A declaração surpreendeu a cúpula da PF que, horas depois, em nota contradisse o presidente ao afirmar que a substituição já estava planejada e não tinha “qualquer relação com desempenho”.

Saadi era o coordenador de várias frentes de investigação de lavagem de dinheiro, como por exemplo, a que levou à prisão o ex-presidente Michel Temer.

Nos dias seguintes, Bolsonaro subiu o tom. Declarou que “quem manda é ele” e que, se quisesse, poderia trocar o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.

A tensão voltou a se repetir no início deste ano, quando o presidente ameaçou separar a pasta da Segurança Pública, que comanda a PF, do Ministério da Justiça, o que abriu uma nova crise entre Bolsonaro e Moro, um dos ministros mais populares do governo.

No entanto, auxiliares do governo aconselharam o presidente a não tomar essa iniciativa, uma vez que isso poderia impactar profundamente sua popularidade.

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