Dinheiro no exterior era "caderneta de poupança", diz Cunha
De acordo com o ex-parlamentar, os valores só eram usados para consumo e viagens ao exterior - e, portanto, não foram utilizados no Brasil
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 22h25.
Curitiba e São Paulo - O deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) disse nesta terça-feira ao juiz Sérgio Moro que os recursos que mantinha em contas no exterior administradas por trustes eram usadas como investimento, uma "aplicação".
De acordo com o ex-parlamentar, os valores só eram usados para consumo e viagens ao exterior - e, portanto, não foram utilizados no Brasil.
"Há vários momentos nessa situação. Em todas usava como se fosse uma caderneta de poupança", disse Cunha durante o interrogatório que durou três horas.
Preso desde outubro, o deputado cassado responde a uma ação penal por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Ele é acusado de recebimento de propina por um negócio da Petrobras na África e manutenção do dinheiro em contas no exterior.
Cunha, no entanto, afirmou que o dinheiro é de origem lícita e negou envolvimento em negócios da petroleira ou recebimento de propina.
Ele voltou a afirmar que é beneficiário de contas administradas por trustes. O peemedebista ainda disse manter as contas há mais de 25 anos e, segundo ele, uma delas é registrada no divórcio de seu primeiro casamento, em 1996.
Em outubro de 2015, quando as investigações da Suíça sobre contas ligadas a Eduardo Cunha chegaram ao Brasil, os investigadores identificaram gastos de mais de US$ 800 mil em dois cartões de crédito internacionais, além de pagamentos de um curso em renomada escola de tênis com sede na Flórida e outros cursos na Espanha e no Reino Unido.