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Dilma vai aos EUA e à Europa buscar apoio contra prisão de Lula

A ex-presidente deve se deparar com governos europeus que, mesmo liderados por socialistas, vem optando por manter um tom de pragmatismo com o Brasil

Dilma e Lula: a ex-presidente vai costurar com outros países apoio ao petista, preso no último sábado (Victor Moriyama/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de abril de 2018 às 11h23.

Última atualização em 10 de abril de 2018 às 11h56.

Genebra - A partir desta terça-feira, 10, a presidente afastada Dilma Rousseff começa um périplo pela Europa e Estados Unidos, com o objetivo de costurar apoio de partidos e movimentos sociais diante da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Mas também vai se deparar com governos europeus que, mesmo liderados por socialistas, vem optando por manter um tom de pragmatismo com o Brasil, um de seus principais mercados exportadores.

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Nesta terça-feira, em Madri, Dilma fará uma palestra com o título "Brasil: uma democracia ameaçada". Ela ocorre na Casa das Américas e é organizada pela Cátedra de Estudos Iberoamericanos da Universidade Carlos III.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou com membros de alianças de partidos socialistas europeus que a viagem servirá, acima de tudo, para reforçar a imagem no exterior de que a prisão de Lula foi uma "arbitrariedade" e que pressão internacional deve ser aplicada sobre o Brasil.

Antes de seguir para os EUA, ela ainda fará na quinta-feira, 12, outra palestra em Barcelona, também sobre o mesmo assunto.

Pelo continente europeu, as reações oficiais de partidos e políticos tem variado entre a condenação da prisão e tentativas de evitar a ingerência interna nos assuntos brasileiros.

O Podemos, na Espanha, pediu oficialmente que, diante da prisão de Lula, as negociações entre o Mercosul e a União Europeia para formar um acordo de livre comércio sejam suspensas.

"Exigimos uma vez mais que a União Europeia paralise todas as negociações com o Mercosul ou com o Brasil, que não cumpre com mínimos padrões democráticos, como demonstram os fatos recentes", disse o eurodeputado Xavier Benito, vice-presidente da Delegação UE-Mercosul dentro do Parlamento Europeu.

"Condenamos energicamente a decisão (sobre Lula) por seu caráter político e o ataque que ela supõe para a democracia brasileira", disse.

Ao Estado, porém, membros da Comissão Europeia indicaram que não pretendem mudar o ritmo das negociações por conta dos acontecimentos no Brasil.

Em países onde socialistas estão no poder, a reação tem sido a do pragmatismo. O ministro de Relações Exteriores de Portugal, Augusto Santos Silva, se limitou a dizer que seu governo socialista tem confiança de que a democracia brasileira é "suficientemente madura para que estes processos de natureza judicial que estão em curso não tenham nenhuma consequência nem direta nem indireta sobre as questões políticas".

Um dos principais aliados do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o citou para explicar que, "tal como não gostam que noutros países se opine sobre o nosso, também não opinamos sobre os deles".

Já o ex-primeiro-ministro José Sócrates, acusado de corrupção, denunciou as "violações à presunção de inocência no Brasil". "O que assistimos foi um ato de violência política contra o ex-presidente", afirmou.

Uma posição mais dura, porém, tomou o Partido Comunista Português. Para o grupo, "está em marcha um vergonhoso processo político que, ao mesmo tempo que dá cobertura ao corrupto, antipopular e repressivo Governo de Michel Temer, procura a todo o custo impedir a candidatura de Lula da Silva às eleições presidenciais de 2018".

Além disso, vozes individuais dos partidos de esquerda têm criticado a prisão de Lula. Alfredo Barroso, aliado do ex-presidente Mário Soares, acusou a direita no Brasil de ter "incendiado" o País.

Na Itália, os ex-primeiros-ministros Massimo D'Alema e Romano Prodi assinaram uma carta em que saem em defesa do ex-presidente brasileiro e denunciam sua prisão.

Já Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita que negocia a formação de uma coalizão para governar a Itália, saiu em apoio à decisão de prender Lula. "A Justiça brasileira deu um forte sinal de liberdade e mudança", disse Salvini.

No fim de semana, o Partido Socialista francês prestou uma homenagem a Lula durante seu congresso anual e pediu que os delegados mostrassem solidariedade com o ex-secretário-geral da Presidência do governo Lula Luis Dulci, que esteve no evento em Paris. "Lula nos ajudou no passado e agora é a vez de mostrarmos solidariedade com eles", disse um porta-voz do PS.

Já o líder da esquerda radical na França, Jean-Luc Mélenchon, alertou que o Brasil vive um "golpe de Estado judiciário". O representante do partido França Insubmissa declarou que "Lula não é corrupto". "Esse foi um meio que a oligarquia e os EUA encontraram para impedir que ele fosse candidato e que ganhasse, de novo, uma eleição", disse.

No Reino Unido, seis deputados publicaram uma carta no jornal "The Guardian" denunciando a situação no Brasil. "Lula tem sido alvo de uma perseguição política", diz o texto, assinado por Chris Williamson, Dennis Skinner, Clive Lewis, Mike Hill, Jean Corston e David Lea. Eles pediram que Lula seja autorizado a ser candidato.

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