Dilma faz aceno a manifestações, mas manobra embute riscos
A presidente aprova as manifestações que se espalharam pelo Brasil e tenta criar uma empatia com o movimento que não tem lideranças e rejeita os políticos
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2013 às 22h08.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff deu um passo arriscado nesta terça-feira ao aprovar as manifestações que se espalharam pelo Brasil e tentar criar uma empatia com o movimento que não tem lideranças e rejeita os políticos.
As manifestações, que levaram mais de 200 mil pessoas às ruas de diversas cidades do Brasil na segunda-feira, tiveram sua origem no descontentamento com a elevação da tarifa do transporte públicos, de responsabilidade dos governos regionais. Mas ao longo da última semana ganharam força e passaram a repercutir um grande número de insatisfações.
"O Brasil hoje acordou mais forte. A grandeza das manifestações de ontem comprovam a energia da nossa democracia", disse a presidente um dia após a realização do maior protesto popular em duas décadas.
Entre as insatisfações manifestadas estão o descontentamento com o uso de recursos públicos nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014, o desagrado com a corrupção e até mesmo a rejeição a uma proposta que tramita no Congresso e reduz o poder de investigação do Ministério Público.
Em um panorama de inflação alta, baixo crescimento econômico e pesquisas recentes que têm apontado a redução da popularidade da presidente, essa tentativa de aproximação com as vozes das ruas representa um risco.
"Para o político sacudir a poeira e dar a volta por cima e passar à frente do movimento é muito difícil, porque não tem imagem correta do movimento e não sabe quais são os movimentos (deles)", disse o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer.
"É um pouco arriscado o discurso (da presidente), principalmente porque não tem lideranças no movimento... É complicado ter discurso com quem você não conhece", acrescentou.
A força das manifestações, as maiores no país desde os protestos realizados em 1992, quando a população foi às ruas para pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, gerou preocupação no Palácio do Planalto.
A principal interrogação dentro do governo versa sobre as ações a serem tomadas daqui para frente, já que não há um rosto bem definido liderando esses protestos que, inclusive, têm sido recheados de rejeição à política tradicional, com palavras de ordem como "sem partido" e pedidos para que manifestantes abaixem bandeiras de agremiações políticas.
"Há um dito no Império Romano que dizia o seguinte: 'Se você não pode vencer os bárbaros, una-se a eles'", disse o professor e cientista político da Unicamp Roberto Romano.
"Se ela deixar esse movimento seguir o seu caminho sem que ela pelo menos acene a sua aprovação, esse movimento pode se voltar contra ela", acrescentou.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff deu um passo arriscado nesta terça-feira ao aprovar as manifestações que se espalharam pelo Brasil e tentar criar uma empatia com o movimento que não tem lideranças e rejeita os políticos.
As manifestações, que levaram mais de 200 mil pessoas às ruas de diversas cidades do Brasil na segunda-feira, tiveram sua origem no descontentamento com a elevação da tarifa do transporte públicos, de responsabilidade dos governos regionais. Mas ao longo da última semana ganharam força e passaram a repercutir um grande número de insatisfações.
"O Brasil hoje acordou mais forte. A grandeza das manifestações de ontem comprovam a energia da nossa democracia", disse a presidente um dia após a realização do maior protesto popular em duas décadas.
Entre as insatisfações manifestadas estão o descontentamento com o uso de recursos públicos nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014, o desagrado com a corrupção e até mesmo a rejeição a uma proposta que tramita no Congresso e reduz o poder de investigação do Ministério Público.
Em um panorama de inflação alta, baixo crescimento econômico e pesquisas recentes que têm apontado a redução da popularidade da presidente, essa tentativa de aproximação com as vozes das ruas representa um risco.
"Para o político sacudir a poeira e dar a volta por cima e passar à frente do movimento é muito difícil, porque não tem imagem correta do movimento e não sabe quais são os movimentos (deles)", disse o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer.
"É um pouco arriscado o discurso (da presidente), principalmente porque não tem lideranças no movimento... É complicado ter discurso com quem você não conhece", acrescentou.
A força das manifestações, as maiores no país desde os protestos realizados em 1992, quando a população foi às ruas para pedir o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, gerou preocupação no Palácio do Planalto.
A principal interrogação dentro do governo versa sobre as ações a serem tomadas daqui para frente, já que não há um rosto bem definido liderando esses protestos que, inclusive, têm sido recheados de rejeição à política tradicional, com palavras de ordem como "sem partido" e pedidos para que manifestantes abaixem bandeiras de agremiações políticas.
"Há um dito no Império Romano que dizia o seguinte: 'Se você não pode vencer os bárbaros, una-se a eles'", disse o professor e cientista político da Unicamp Roberto Romano.
"Se ela deixar esse movimento seguir o seu caminho sem que ela pelo menos acene a sua aprovação, esse movimento pode se voltar contra ela", acrescentou.