Dilma Rousseff: a ex-presidente assegurou que as mulheres do Brasil marcham hoje para reivindicar mais avanços e uma sociedade sem preconceitos (Mario Tama/Getty Images)
EFE
Publicado em 8 de março de 2017 às 14h53.
Última atualização em 8 de março de 2017 às 14h55.
Rio de Janeiro - A ex-presidente Dilma Rousseff convocou nesta quarta-feira as mulheres a lutarem contra o que chamou de "desmonte" das políticas de luta contra a discriminação de gênero que disse ter iniciado em seu governo.
Dilma acusou o governo de seu sucessor e ex-vice-presidente, Michel Temer, de desmontar várias das iniciativas que ela lançou contra a violência e a discriminação contra a mulher.
"No Brasil marchamos hoje em resistência contra o desmonte das políticas criadas em nossos governos democráticos (do Partido dos Trabalhadores), com ampla participação das mulheres", afirmou a ex-chefe de Estado em um vídeo que publicou no Facebook por causa do Dia Internacional da Mulher.
Para Dilma, as políticas que o governo Temer supostamente quer suprimir foram desenvolvidas para enfrentar a violência de gênero, promover a autonomia econômica das mulheres e garantir os direitos sociais a todas as mulheres.
"Vamos lutar contra o retrocesso, vamos resistir ao golpe e lutar pela democracia que construímos, com a participação de nós mulheres como protagonistas, conscientes de nosso papel histórico", afirmou a primeira presidente da história do Brasil ao insistir que o julgamento político que a destituiu do mandato foi um "golpe" promovido por Temer.
A ex-presidente assegurou que as mulheres do Brasil marcham hoje pelas ruas de várias cidades do país para reivindicar mais avanços e uma sociedade sem preconceitos.
"Para nós, mulheres, a democracia é o lado correto da história", acrescentou a petista.
Segundo a ex-governante, as manifestações no Dia Internacional da Mulher também são contra o racismo, contra qualquer forma de discriminação e contra os modelos econômicos neoliberais, "que promovem as desigualdades e excluem as mulheres".
Dilma disse que as reformas neoliberais impulsionadas por Temer, como a da previdência e a da legislação trabalhista, também reduzem os direitos das mulheres, pois "não reconhecem a função social da maternidade" e elevam a idade mínima de aposentadoria da mulher para 65 anos.
Também em um vídeo em seu perfil no Facebook, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor, padrinho político e correligionário de Dilma, coincidiu com a ex-mandatária que a mobilização das mulheres é não apenas contra a violência machista, mas também contra a precarização do trabalho e as desigualdades salariais.
"Fomos educados em uma sociedade machista que subestima as mulheres. Não é justo que uma mulher ganhe menos que um homem exercendo a mesma função. Mais injusto ainda é que um governo queira acabar com direitos conquistados com muito esforço como é o caso da aposentadoria", afirmou Lula.
O ex-presidente convocou os homens a se juntarem às mulheres no combate à discriminação e à violência de gênero.
"Podemos nos unir às mulheres e participar da construção de um mundo melhor, sem opressão, estupros, assédios, maus-tratos, desigualdades, e com muito amor e respeito", disse Lula.