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Dilma cobra Mantega sobre crise no Tesouro Nacional

Revolta do corpo técnico do Tesouro foi tratada pela presidente com ministro em reunião de quase duas horas


	Guido Mantega: Dilma abordou revolta com ministro e mostrou grande incômodo com o fato de ter sido informada sobre a revolta no Tesouro por meio da imprensa
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Guido Mantega: Dilma abordou revolta com ministro e mostrou grande incômodo com o fato de ter sido informada sobre a revolta no Tesouro por meio da imprensa (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2013 às 07h40.

Brasília - A revolta do corpo técnico do Tesouro Nacional com a condução da política fiscal comandada pelo secretário Arno Augustin foi tratada na quinta-feira, 5, pela presidente da República, Dilma Rousseff, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em reunião de quase duas horas no Palácio da Alvorada.

As resistências na equipe do Tesouro desencadearam uma operação para abafar a repercussão negativa do vazamento da crise interna, e assim mostrar que Augustin mantêm o controle sobre os técnicos do Tesouro.

Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo junto a um auxiliar presidencial, Dilma abordou o tema e mostrou grande incômodo com o fato de ter sido informada sobre a revolta no Tesouro por meio da imprensa.

A informação foi divulgada na noite de quarta-feira, 4, pelo Broadcast, o serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, e depois na edição de ontem do jornal.

De acordo com fonte graduada do Palácio do Planalto, a presidente não gostou de descobrir uma crise numa área sensível e crucial do governo federal, e cobrou que deveria ter sido informada da reunião que ocorreu no dia 22 de novembro no Ministério da Fazenda.

Na ocasião, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, ouviu críticas sobre a política fiscal e relatos de questionamentos de investidores que têm prejudicado a atuação do governo no mercado. Todos os subsecretários e todos os 19 coordenadores-gerais estavam presentes.

Na ocasião, os técnicos fizeram uma apresentação ao secretário sobre a condução da política econômica e da política fiscal, em especial, e apontaram dificuldades crescentes para a rolagem de títulos no mercado - por causa do mau humor de investidores, o Tesouro tem sido obrigado a pagar taxas de juros cada vez maiores nos títulos que oferece. Esse movimento encarece o perfil da dívida pública brasileira, e os técnicos temem que isso se retroalimente.


Motim

Internamente, o movimento de revolta dos técnicos do Tesouro tem sido chamado de "motim" por servidores de outras áreas. Uma fonte qualificada da área econômica afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que "o clima está pesado" nos corredores do Ministério da Fazenda. Dilma cobrou de Mantega explicações sobre o fato de subordinados de Augustin estarem incomodados com a gestão dele.

Da reunião em Brasília, Mantega partiu para São Paulo, onde defendeu a gestão de Augustin durante seminário a empresários. "Não há crise no Tesouro", afirmou Mantega, para quem Augustin "cumpre as missões, principalmente na área de dívida pública".

Na força-tarefa para abafar a crise, o próprio Augustin concedeu entrevista ao jornal para negar que a reunião para aparar as arestas na cúpula do Tesouro realizada no fim de novembro tenha gerado uma turbulência na instituição. "Não há nenhum descontrole no Tesouro", disse. Ele citou o "excelente" desempenho dos títulos públicos ofertados ontem pelo Tesouro ao mercado. Mas o Tesouro acabou reduzindo drasticamente o volume de títulos ofertados, principalmente de longo prazo, para evitar maior volatilidade.

Além disso, a assessoria do Ministério da Fazenda enviou uma nota à imprensa na qual os coordenadores-gerais "refutam" a informação de que "haja clima de rebelião, confronto ou insubordinação no relacionamento entre os coordenadores, os subsecretários e secretário do Tesouro Nacional". A nota não foi assinada. Mas o coordenador de planejamento estratégico, Otávio Ladeira, disse que o texto foi feito por todos os coordenadores, por decisão própria.

Mesmo diante das dificuldades para se cumprir a meta fiscal, Augustin reiterou que a forte entrada de receitas extraordinárias no caixa do governo em novembro vai assegurar a meta de poupar R$ 73 bilhões para o pagamento de juros da dívida pública, o superávit primário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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