Dilma aceita pedido de demissão de Graça Foster, diz fonte
Dilma Rousseff aceitou pedido de demissão da presidente da Petrobras, e procura um nome para ocupar o cargo, segundo fonte do governo
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2015 às 21h20.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff aceitou o pedido de demissão da presidente da Petrobras , Maria das Graças Foster, e procura definir um nome para ocupar o cargo ainda em fevereiro, disse nesta terça-feira uma fonte do governo.
A Petrobras está no epicentro da Operação Lava Jato , da Polícia Federal, que investiga um escândalo bilionário de corrupção que envolve ex-empregados, executivos de empreiteiras e políticos.
"Graça Foster vinha já há um tempo manifestando o desejo de deixar a empresa. Dessa vez, a presidente aceitou", afirmou a fonte à Reuters sob condição de anonimato.
O governo busca um executivo para comandar a estatal que preferencialmente seja ligado ao setor, afirmou a fonte, acrescentando que Dilma também quer realizar mudanças em algumas diretorias da estatal. O objetivo é ter uma nova diretoria composta por nomes do mercado e também da empresa, disse a fonte.
A mudança na diretoria da Petrobras é aguardada há meses, mas Dilma vinha, até então, defendendo a manutenção de Graça, de quem é amiga pessoal. Dilma e a executiva da Petrobras estiveram reunidas nesta terça-feira no Palácio do Planalto, em Brasília, por quase duas horas, acertando as condições da mudança no comando da companhia.
"O governo quer uma transição segura", disse a fonte, acrescentando que Dilma pretende definir o substituto ainda em fevereiro.
No entanto, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann, negou no início da noite que a troca de comando da Petrobras tenha sido decidida na reunião desta terça-feira.
"O que eu posso dizer é que essa questão não foi decidida na reunião entre ela (Dilma) e Graça", afirmou o ministro a jornalistas, após ser questionado sobre a demissão da CEO da Petrobras Após o encontro, Graça se limitou a dizer a jornalistas que a reunião tinha sido "muito boa", e não comentou os rumores de sua demissão.
A eventual saída de Graça do comando da petroleira repercutiu no mercado.
As ações preferenciais da companhia fecharam em alta de 15,47 por cento, para 10 reais, na máxima da sessão. O Ibovespa, que reúne os principais papéis do mercado acionário do país, teve alta de 2,76 por cento.
A Petrobras divulgou na semana passada o balanço não auditado do terceiro trimestre de 2014 citando avaliações internas de que 88 bilhões de reais em ativos estariam supervalorizados devido a corrupção e falhas administrativas.
Mas o balanço não incluiu nenhuma baixa contábil relacionada às denúncias de corrupção, e a petroleira alegou dificuldade para separar as baixas resultantes de corrupção daquelas decorrentes de outros fatores.
De acordo com a fonte do governo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi escalado por Dilma para sondar nomes para a presidência da Petrobras e para ocupar o Conselho de Administração da empresa.
A Petrobras não respondeu aos pedidos da Reuters para comentar o assunto.
*Atualizada às 22h19 do dia 03/02/2015
Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.
No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.
A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.