DF compra vacina contra HPV com preço 3 vezes superior
O gasto está sendo feito em um momento em que o Ministério da Saúde negocia com fabricantes um acordo para a transferência de tecnologia para produção da vacina
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2013 às 09h34.
Brasília - Antecipando-se a uma decisão nacional, o governo do Distrito Federal decidiu vacinar adolescentes contra HPV - doença causada pelo papiloma vírus humano - e, para isso, comprou produto num valor quase três vezes maior do que o oferecido pelo Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Serão gastos R$ 13 milhões somente este ano. Cada dose da vacina custará R$ 72,5. Pelo fundo rotatório, o mesmo imunizante é vendido a US$ 13,8 (R$ 27,6).
O gasto está sendo feito em um momento em que o Ministério da Saúde negocia com fabricantes um acordo para a transferência de tecnologia para produção da vacina.
Quando a negociação for concluída, o governo deverá incorporar o produto ao Programa de Imunização Nacional e, com isso, todos os Estados - incluindo o DF - receberão a vacina gratuitamente.
A gerente de câncer da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Cristina Scandiuzzi, afirma que a administração não quis esperar. "O HPV pode levar ao câncer de colo de útero. Uma morte inevitável e inaceitável. Por isso decidimos agir", disse.
Mas a estratégia é considerada desnecessária por especialistas, sobretudo quando se leva em conta os números gerais da doença no Distrito Federal. Não há na região uma incidência preocupante nem um aumento que possa ter despertado a atenção.
Segundo Cristina, o câncer de colo de útero é a quinta causa de morte entre mulheres do Distrito Federal, com 84 registros anuais. Boa parte dessas mortes poderia ter sido evitada com diagnóstico e tratamento adequados.
Para especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, uma medida muito mais barata e eficaz teria sido reforçar a testagem para diagnóstico precoce. O impacto da vacinação de HPV para saúde pública, segundo estudos, é sentido apenas após 20 anos.
Existem duas vacinas no mercado. Uma quadrivalente, que protege contra os vírus HPV 16,18 (presentes em cerca de 70% dos casos de câncer) e HPV 6 e 11, causadores de verrugas genitais.
A bivalente, feita por outro produtor, protege contra os HPV 16 e 18. Em termos de proteção contra o câncer de colo de útero, ambas são consideradas equivalentes, afirmam especialistas.
A vacina escolhida pelo Distrito Federal foi a quadrivalente. Segundo Cristina, a opção foi feita para aumentar a proteção dada às adolescentes.
A produtora da vacina bivalente informou que enviou no ano passado ao Distrito Federal os dados sobre seu produto e disse que estaria apta a atender uma eventual demanda.
O governo de Brasília afirma ter seguido as recomendações feitas pelos órgãos de controle, incluindo o Tribunal de Contas do DF. A aquisição foi feita por meio de um pregão. O DF observa ainda que não poderia ter comprado a vacina pelo fundo rotatório, algo que somente pode ser feito por países.
O Ministério da Saúde disse não ter sido procurado pelo governo do DF para realizar a compra por meio do Fundo Rotatório. Conforme a pasta, a intermediação somente é feita nos casos de grande necessidade dos Estados, como epidemias ou situações de emergência. Algo que não ocorre no Distrito Federal.
A previsão é a de que 64,2 mil meninas nascidas entre janeiro de 2000 e 31 de dezembro de 2002 sejam imunizadas. Uma campanha piloto foi feita no dia 8. Mas os resultados foram aquém do desejado: a cobertura vacinal foi de 53%.
Cristina espera que os números melhorem quando a campanha se estender para todo o DF. Pelo cronograma, a imunização de todas as adolescentes será feita entre 1.º e 25 de abril. As doses serão aplicadas nas escolas, tanto públicas quanto privadas. Mas ela somente será feita com a autorização dos pais.
Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV. Deste total, 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos.
Brasília - Antecipando-se a uma decisão nacional, o governo do Distrito Federal decidiu vacinar adolescentes contra HPV - doença causada pelo papiloma vírus humano - e, para isso, comprou produto num valor quase três vezes maior do que o oferecido pelo Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).
Serão gastos R$ 13 milhões somente este ano. Cada dose da vacina custará R$ 72,5. Pelo fundo rotatório, o mesmo imunizante é vendido a US$ 13,8 (R$ 27,6).
O gasto está sendo feito em um momento em que o Ministério da Saúde negocia com fabricantes um acordo para a transferência de tecnologia para produção da vacina.
Quando a negociação for concluída, o governo deverá incorporar o produto ao Programa de Imunização Nacional e, com isso, todos os Estados - incluindo o DF - receberão a vacina gratuitamente.
A gerente de câncer da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Cristina Scandiuzzi, afirma que a administração não quis esperar. "O HPV pode levar ao câncer de colo de útero. Uma morte inevitável e inaceitável. Por isso decidimos agir", disse.
Mas a estratégia é considerada desnecessária por especialistas, sobretudo quando se leva em conta os números gerais da doença no Distrito Federal. Não há na região uma incidência preocupante nem um aumento que possa ter despertado a atenção.
Segundo Cristina, o câncer de colo de útero é a quinta causa de morte entre mulheres do Distrito Federal, com 84 registros anuais. Boa parte dessas mortes poderia ter sido evitada com diagnóstico e tratamento adequados.
Para especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, uma medida muito mais barata e eficaz teria sido reforçar a testagem para diagnóstico precoce. O impacto da vacinação de HPV para saúde pública, segundo estudos, é sentido apenas após 20 anos.
Existem duas vacinas no mercado. Uma quadrivalente, que protege contra os vírus HPV 16,18 (presentes em cerca de 70% dos casos de câncer) e HPV 6 e 11, causadores de verrugas genitais.
A bivalente, feita por outro produtor, protege contra os HPV 16 e 18. Em termos de proteção contra o câncer de colo de útero, ambas são consideradas equivalentes, afirmam especialistas.
A vacina escolhida pelo Distrito Federal foi a quadrivalente. Segundo Cristina, a opção foi feita para aumentar a proteção dada às adolescentes.
A produtora da vacina bivalente informou que enviou no ano passado ao Distrito Federal os dados sobre seu produto e disse que estaria apta a atender uma eventual demanda.
O governo de Brasília afirma ter seguido as recomendações feitas pelos órgãos de controle, incluindo o Tribunal de Contas do DF. A aquisição foi feita por meio de um pregão. O DF observa ainda que não poderia ter comprado a vacina pelo fundo rotatório, algo que somente pode ser feito por países.
O Ministério da Saúde disse não ter sido procurado pelo governo do DF para realizar a compra por meio do Fundo Rotatório. Conforme a pasta, a intermediação somente é feita nos casos de grande necessidade dos Estados, como epidemias ou situações de emergência. Algo que não ocorre no Distrito Federal.
A previsão é a de que 64,2 mil meninas nascidas entre janeiro de 2000 e 31 de dezembro de 2002 sejam imunizadas. Uma campanha piloto foi feita no dia 8. Mas os resultados foram aquém do desejado: a cobertura vacinal foi de 53%.
Cristina espera que os números melhorem quando a campanha se estender para todo o DF. Pelo cronograma, a imunização de todas as adolescentes será feita entre 1.º e 25 de abril. As doses serão aplicadas nas escolas, tanto públicas quanto privadas. Mas ela somente será feita com a autorização dos pais.
Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV. Deste total, 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos.