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Devido à greve, São Paulo registra trânsito recorde no ano

A cidade registrou recorde de lentidão no ano no período da manhã, com 201 quilômetros de vias engarrafadas às 9h30

Protesto: o recorde de lentidão anterior havia sido registrado em 22 de fevereiro, com 104 km (Paulo Whitaker/Reuters)

Protesto: o recorde de lentidão anterior havia sido registrado em 22 de fevereiro, com 104 km (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de março de 2017 às 12h24.

Última atualização em 15 de março de 2017 às 15h05.

São Paulo - A mobilização de trabalhadores contra a reforma da Previdência causou transtornos no trânsito de São Paulo na manhã desta quarta-feira, 15.

A cidade registrou recorde de lentidão no ano no período da manhã, com 201 quilômetros de vias engarrafadas às 9h30, como reflexo da paralisação dos serviços de transporte público, como metrô e ônibus.

Às 11 horas, as linhas municipais já começavam a retomar a normalidade, com 85% de circulação, enquanto o metrô ainda operava parcialmente, com operação por trechos. Os atos afetam outras capitais do País.

O recorde de lentidão anterior havia sido registrado em 22 de fevereiro, com 104 km. A cidade deve continuar sentindo os efeitos da manifestação ao longo do dia, já que ainda não há previsão de retomada completa dos serviços e há protestos marcados para o período da tarde na Avenida Paulista, região central da capital.

A São Paulo Transportes (SPTrans), da Prefeitura, informou que deverá efetuar desvios em linhas e itinerários caso as manifestações prossigam durante o período da tarde.

O órgão declarou que, na Avenida Paulista, 28 linhas irão circular a partir das 14 horas com rotas alternativas por causa do protesto já programado para o local.

Nas primeiras horas da manhã, a população teve de buscar alternativas para se deslocar ou aguardar, alguns por mais de três horas, até a retomada de parte do serviço.A auxiliar de limpeza Ozineide dos Reis Souza, de 26 anos, saiu do Jardim Domitila, na zona sul, em direção à Avenida Santo Amaro e estava desde às 6h30 esperando ônibus.

"Avisaram no trabalho que era para ir assim que tivesse ônibus, então preciso esperar", disse ela, que recebeu informações no terminal de que sua linha poderia sair até às 10 horas.

Para se distrair, ela achou uma tomada no corredor de acesso ao Metrô para carregar o celular. "Eles (motoristas) estão no direito de protestar, mas isso também pode prejudicar outros trabalhadores. Muita gente nem deve ter saído de casa depois de ver a situação na televisão. E pode ter empresa que não aceite a falta", comentou.

A vendedora Rosângela Gomes chegou a fazer uma foto da multidão que se concentrava na entrada da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) no Terminal Itaquera, na zona leste.

A vendedora geralmente sai de casa às 7 horas, mas decidiu sair às 8 horas para fugir da paralisação. Moradora de Itaquera, ela foi até a Estação Artur Alvim, mas, como estava fechada, veio até Itaquera.

Ela considera a manifestação legítima, mas não que deveria ocorrer numa quarta-feira. "Está desorganizado. A gente não tem informação do que está ou não funcionando. Se fosse num sábado ou num domingo, a manifestação poderia ser muito maior, reunir uma massa de gente. Tem muita gente que concorda, mas que precisa chegar no trabalho, porque tem medo de perder o trabalho, ainda mais nessa crise."

Os ônibus estavam em processo de normalização em Itaquera, por volta das 10 horas. "Esperava mais mobilização, porque é um direito do cidadão que está em jogo. Quando foi o aumento da passagem e o impeachment mobilizou muito mais gente, mas agora a situação é ainda maior: é um direito do trabalhador que está em jogo", disse o fiscal de linha da Consórcio Plus Paulo Cavalcante.

"O direito trabalhista atinge todos, só que os sindicatos de transporte têm maior poder de se organizar, é um sindicato estratégico. Faltou divulgação, maioria das pessoas soube pelos sindicatos ou pelas mídias sociais. Muitos usuários sabem o motivo e outros não. Eu aderi, estou aqui desde as 4h50,mas com sei a trabalhar só depois das 8 horas, como foi combinado na reunião de ontem. A minha função depende também do funcionamento do ônibus."

O secretário municipal de Mobilidade e Transportes, Sérgio Avelleda, criticou a decisão dos trabalhadores em realizar a paralisação.

"Evidentemente é frustrante que, em um regime democrático, ordens judiciais sejam descumpridas, o que causa espanto e desconforto. Milhões estão sendo prejudicados", acrescentou o secretário à Rádio Estadão.

O secretário detalhou que, em razão da paralisação, o rodízio está suspenso, o tráfego nas faixas exclusivas de ônibus está liberado para todos os veículos até as 12 horas e a zona azul também está liberada.

"É uma série de medidas que visa a diminuir o transtorno. Estamos monitorando para avaliar se elas serão mantidas na parte da tarde", disse.

Na Região Metropolitana de São Paulo, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU) estimou que o ato tenha atingido 234 linhas que, no horário, seriam as responsáveis pelo transporte de 310 mil usuários.

USP

Desde as 6 horas, dezenas de manifestantes interditaram o trânsito no local, nas imediações da Cidade Universitária, no Butantã, na zona oeste da capital paulista.

A mobilização integrava os atos contra a reforma da Previdência e aproveitava para reivindicar melhorias para a universidade.

"Estamos aqui contra a reforma da Previdência e contra a trabalhista, que vem na sequência. Estamos também agregando bandeiras contra o desmonte da USP (Universidade de São Paulo), que não está sendo mostrado, mas está ocorrendo", disse Magno de Carvalho, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp).

A USP informou que não houve prejuízo às atividades acadêmicas em função do bloqueio feito pelos estudantes em protesto contra a proposta de reforma da Previdência.

A instituição, em nota, lembrou a decisão judicial de 14 de março que estabelece multa diária de R$ 10 mil ao Sintusp em caso de bloqueios aos acessos da Cidade Universitária.

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