Brasil

Despesas do governo com a pandemia somam R$ 1 trilhão, diz ministro

Augusto Heleno defendeu neste sábado que o governo deve “flexionar instrumentos legais” por causa do excesso de gastos neste ano

Augusto Heleno: "esta conta do governo vai chegar" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Augusto Heleno: "esta conta do governo vai chegar" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 3 de outubro de 2020 às 22h01.

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, defendeu neste sábado (3) que o governo deve "flexionar instrumentos legais" por causa do excesso de gastos neste ano com a pandemia da covid-19. Heleno disse que as despesas somam cerca de R$ 1 trilhão, em vídeo veiculado no canal no Youtube do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro.

"O governo colocou durante a pandemia em socorro a Estados e municípios, e investindo em providências para fazer face à covid cerca de 1 trilhão de reais. Claro que esta conta vai chegar. E claro que vamos ter de ter criatividade, vamos ter de flexionar alguns instrumentos legais para fazer face a isso. Não vai cair do céu", afirmou Heleno, na conversa gravada.

General da reserva do Exército e amigo de longa data do presidente, Heleno não mencionou que leis sugere mudar. A reportagem não conseguiu contato com o ministro neste sábado.

A posição dele vem a público no momento em que alas do governo divergem abertamente sobre como reverter o aumento do desemprego a queda na renda e o cenário de recessão econômica.

A discussão sobre mudar a emenda constitucional do teto de gastos opõe o ministro Paulo Guedes, da Economia, e integrantes das alas militar e política do governo. Guedes já disse que furar o teto aproxima o presidente da "zona sombria" do impeachment.

Bolsonaro, porém, admite que o governo avalia alterar a Constituição para flexibilizar a proibição do aumento de despesas acima da inflação no ano anterior. Aprovado no governo Michel Temer, o teto de gastos vale por 20 anos.

Nesta semana, Guedes bateu boca com o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), da ala que toca obras, ao lado do ministro Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). O titular da Economia afirmou que seu ex-auxiliar para a Previdência é "despreparado", "desleal" e "fura-teto". Também disse ser "irresponsável" furar o teto para "ganhar eleição".

O clima de tensão entre os dois aumentou após o Estadão/Broadcast noticiar o teor de uma conversa fechada de Marinho com investidores sobre o programa Renda Cidadã. Segundo relatos, o ministro disse que o novo programa social sairá por bem ou por mal e confirmou a pressão política pela flexibilização do teto de gastos. "A gente está tentando fazer da melhor forma possível. Estamos tentando manter o teto, mas há pressão para flexibilização", teria dito o ministro. Em nota, ele afirmou que suas palavras foram "distorcidas".

A declaração, no entanto, agitou o mercado financeiro. Marinho é um dos que defende que o governo estimule a economia com obras e amplie gastos para financiar o programa social. Bolsonaro deseja lançar o Renda Cidadã como substituto do Bolsa Família, após o fim das parcelas do auxílio emergencial que elevaram sua popularidade.

Neste sábado, Guedes, Heleno e outros ministros foram a um almoço com o presidente no Palácio da Alvorada. O governo tenta acalmar os ânimos na Esplanada dos Ministérios. Marinho estava em São Paulo e não participou, apesar de ter sido convidado, segundo sua assessoria.

Acompanhe tudo sobre:GastosGeneral Augusto HelenoPandemia

Mais de Brasil

Senadores procuram Dino para tentar destravar recursos de emendas parlamentares

Em nova decisão, Dino determina que Câmara responda de forma objetiva questionamentos sobre emendas

Dino nega que bloqueio de emendas corte verbas da saúde e aponta descumprimento de decisão judicial

O 'pós-Sabesp', biogás, restauração florestal: os planos da secretaria de meio ambiente para 2025