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Desmatamento na Amazônia chega a quase 10.000 km² em 12 meses

No período de um ano, devastação da maior floresta brasileira subiu 33% em comparação com o ano anterior, segundo dados do INPE

Amazônia: desmatamento subiu 33% no acumulado em 12 meses (Per-Anders Pettersson/Getty Images)

Amazônia: desmatamento subiu 33% no acumulado em 12 meses (Per-Anders Pettersson/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 7 de agosto de 2020 às 11h14.

Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 12h14.

O desmatamento na Floresta Amazônica registrou queda de 30% em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado, mas subiu 33% no acumulado em 12 meses, se comparado com o mesmo período anterior, mostraram dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta sexta-feira.

Em julho, o sistema Deter, do Inpe, que alerta sobre avisos de desmatamento na floresta em tempo real, apontou 1.575 quilômetros quadrados de área devastada no mês passado, contra 2.255 quilômetros quadrados registrados em julho de 2019, mostraram os números publicados no site do instituto.

No acumulado entre agosto de 2019 e julho de 2020, no entanto, a área desmatada foi de 9.125 quilômetros quadrados, um aumento em relação aos 6.844 quilômetros quadrados registrados entre agosto de 2018 e julho de 2019.

O período entre agosto de um ano e julho do ano seguinte é considerado como o ano-calendário para a medição anual do desmatamento da Amazônia e também é o período usado pelo sistema Prodes, do Inpe, mais preciso que o Deter e adotado na aferição do desmatamento da floresta em 12 meses.

Os dados em 12 meses do Deter mostram que os números do Prodes, que geralmente são divulgados em novembro, devem apontar nova alta no desmatamento da Amazônia, em meio à pressão crescente de ambientalistas e também de investidores estrangeiros sobre a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro.

Em 2019, enquanto que o Deter apontou desmatamento de 6.844 quilômetros quadrados entre agosto de 2018 e julho de 2019, o desmatamento mostrado pelo Prodes no mesmo período, anunciado em novembro do ano passado, foi de 9.762 quilômetros quadrados, o maior em mais de uma década.

Em nota, o Observatório do Clima disse que os dados do Deter indicam que o número do Prodes, a ser anunciado no final do ano, devem chegar a um desmatamento da ordem de 13 mil quilômetros quadrados.

Se confirmado, este número representará o maior desmatamento desde 2006 e três vezes maior do que a meta da Política Nacional de Mudança do Clima para 2020.

"Será também a primeira vez na história que o desmatamento na Amazônia terá duas altas seguidas na casa dos 30%", disse o Observatório em nota."Isso não acontece por incompetência do governo no combate à devastação; acontece porque a agenda do governo Bolsonaro é promover ativamente a devastação. Não é inépcia, é projeto", criticou.

Bolsonaro tem sido criticado por ambientalistas por adotar um discurso que defende a exploração de atividades econômicas na Amazônia, como a legalização do garimpo na região, e por medidas que, na visão de críticos, enfraqueceram os órgãos de fiscalização.

Diante das pressões decorrentes do aumento do desmatamento e também da elevação das queimadas na Amazônia, Bolsonaro editou um decreto de garantia da lei e da ordem (GLO) para que as Forças Armadas atuem no combate ao desmatamento na região e também colocou o vice-presidente Hamilton Mourão no comando do Conselho da Amazônia, responsável por articular medidas para a floresta.

No entanto, o próprio vice-presidente já admitiu que a GLO, que atua na região desde maio, não teve ter efeito no desmatamento este ano. Segundo Mourão, a operação deveria ter começado em dezembro do ano passado para trazer resultados visíveis na taxa de 2020.

Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não respondeu de imediato a pedidos de comentários sobre os dados do Inpe.

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