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Descompasso entre CPTM e Infraero trava projeto do Expresso Aeroporto

Construção da linha entre o centro de São Paulo e o Aeroporto de Cumbica depende da demanda do Terminal 3 em Guarulhos, que fica pronto depois de 2016

Chegar a Cumbica só perde em dificuldade para o calvário dos passageiros no próprio aeroporto (Bia Parreiras/Viagem e Turismo/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2010 às 09h15.

São Paulo - O Expresso Aeroporto, projeto do governo de São Paulo para integrar o centro da capital paulista ao Aeroporto de Cumbica por meio de uma ligação sobre trilhos, ainda tem um longo caminho até sair do papel. A obra, que deveria facilitar o acesso ao principal aeroporto do país, não caminha porque se enroscou na falta de entrosamento entre os responsáveis por ela.

Segundo a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), administrada pelo governo do Estado, a chamada Linha 14-Ônix foi planejada para funcionar integrada à estação da Luz do metrô. Sua extensão deve ser de 28 quilômetros até a periferia de Guarulhos, onde fica o aeroporto.

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O edital de licitação da obra chegou a ser lançado no segundo semestre de 2009, mas foi interrompido por decisão da Justiça. À época, ressalvas do Tribunal de Contas do Estado (TCE) impediram o processo de seguir adiante. Mesmo depois que a CPTM incorporou as observações do TCE ao projeto, a licitação continuou parada.

Atualmente, o governo estadual afirma que a demora tem relação com a incerteza quanto às obras no aeroporto de Cumbica. De acordo com a CPTM, o Expresso Aeroporto depende "exclusivamente da definição, por parte do Governo Federal, quanto à implantação do Terminal de Passageiros 3 (TPS3) em Guarulhos."

A companhia estatal de trens afirma que o projeto do TPS3 enviado pela Infraero prevê a operação de 40% da capacidade do terminal em 2014, e os 60% restantes depois de 2016. Para a CPTM, esta previsão de demanda põe em xeque a sustentabilidade econômica e financeira do Expresso Aeroporto.

Uma vez que o modelo contempla a operação plena do terminal, o cenário ainda incerto tornaria o investimento arriscado para a iniciativa privada, que deve participar do projeto por meio de uma concessão. "É preciso ficar claro para os possíveis investidores se haverá estrutura suficiente para atender a esta crescente projeção de demanda", afirmou em nota a CPTM.


A Infraero informou que as obras do TPS3 vão começar em janeiro de 2011. A conclusão da primeira fase e o início das operações estão previstos para novembro de 2013. No ano seguinte, segundo a estatal que administra os aeroportos brasileiros, a capacidade do terminal será de 32 milhões de passageiros por ano, para uma demanda prevista de 27,5 milhões. Entretanto, segundo a assessoria de imprensa da Infraero, este número é constantemente revisto.

O terminal vai operar com a capacidade inicialmente prevista até 2016. Só a partir daí teria início a segunda fase da construção. Portanto, pelo menos nos próximos seis anos a demanda total do TPS3 não será definida com precisão. Até lá, seguindo a lógica da CPTM, o projeto permanecerá parado. A companhia continua afirmando que "não desistiu do Expresso Aeroporto".

A melhor opção

Atualmente, chegar a Cumbica é uma tarefa que só perde em dificuldade para o calvário que os passageiros enfrentam dentro do próprio aeroporto. Algumas opções de locomoção entre a capital e Guarulhos oferecem mais comodidade na viagem e cobram mais caro por isso. Todas elas, porém, estão sujeitas a uma variável preocupante - a situação do trânsito.

Uma corrida de táxi da Avenida Paulista, no centro de São Paulo, até o aeroporto, custa em média 100 reais. E em horário de pico, o percurso, que dura aproximadamente 40 minutos, facilmente passa de uma hora. Outra possibilidade é o "Airport Bus Service", um serviço de ônibus oferecido pela empresa Pássaro Marrom, que parte de diversos pontos da cidade de São Paulo. Por 31 reais o ônibus que sai da Avenida Paulista conduz os passageiros a Cumbica em um tempo médio de uma hora, "se o trânsito estiver bom", como avisa a funcionária do serviço de atendimento ao cliente.

Segundo a CPTM, o trajeto da linha 14, da região da estação da Luz do metrô ao aeroporto, será percorrido em 20 minutos. Considerando a Avenida Paulista como ponto de partida, o percurso total deve durar aproximadamente 40 minutos, incluíndo o tempo gasto no metrô. A tarifa máxima prevista para o Expresso é de 35 reais, o que geraria um gasto total de 37,65 reais ( com os 2,65 reais da atual tarifa do Metrô). Esta alternativa traz ainda a vantagem de não estar sujeita às intempéries do tráfego de São Paulo.

Por enquanto, a cidade espera a comunicação entre os governos Federal e Estadual, Infraero e CPTM funcionar. Até lá, os passageiros ficam sem o que a CPTM define como "a melhor opção técnica para ligar a região central de São Paulo ao Aeroporto de Guarulhos".

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