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Deputados delatados pela Odebrecht comandam reforma política

Para o relator da comissão, deputado Vicente Cândido (PT-SP), não é "por causa de uma ou outra acusação" que o Congresso vai parar suas pautas

Câmara: a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) defendeu, durante a reunião do colegiado, que o Congresso atual não tem legitimidade para fazer a reforma (Wilson Dias/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de abril de 2017 às 20h10.

Brasília - Comandada por dois deputados que serão investigados após as delações da Odebrecht, a comissão da reforma política se reuniu nesta terça-feira, 18, e, mesmo sob as críticas de alguns parlamentares, deu seguimento às discussões sobre mudanças nas regras do sistema político-eleitoral brasileiro.

Para o relator da comissão, deputado Vicente Cândido (PT-SP), não é "por causa de uma ou outra acusação" que o Congresso vai parar de tocar suas pautas.

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Ele e o presidente do colegiado, Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), estão na lista dos políticos alvos de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).

Já a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) defendeu, durante a reunião do colegiado, que o Congresso atual não tem legitimidade para fazer uma reforma que poderá beneficiar diretamente os políticos implicados na Lava Jato.

"Nós estamos vivendo um momento de muita gravidade, fica até meio estranho que, ao mesmo tempo que a sociedade está perplexa acompanhando 24 horas por dia os depoimentos dos delatores da Lava Jato, esta Casa volta-se para si mesma, ensimesmada, como se nada estivesse acontecendo em torno dela e continue tratando de mudanças, de reformas, que vão impactar a vida do País", disse.

Vicente Cândido rebateu as críticas da parlamentar. "Eu não acho que, por causa de uma ou outra acusação, que o Congresso Nacional tem que ficar esperando a banda passar. Acho que o momento de crise é o momento de acelerar e de fazer as reformas que estão aqui pendentes", defendeu.

O deputado afirmou não ter nenhum "constrangimento" em permanecer como relator da comissão mesmo após o ministro do STF Edson Fachin ter autorizado a abertura de inquérito contra ele e disse que seria uma "uma irresponsabilidade muito grande" deixar que as eleições do ano que vem ocorram sob as atuais regras. "Nós temos que mudar, e mudar sem medo, com ousadia", disse.

As mudanças nas regras eleitorais têm sido consideradas pelos parlamentares como a única forma de garantir a "sobrevivência" da classe política após a avalanche de revelações feitas pelos executivos e ex-funcionários da Odebrecht.

No total, 39 deputados, 24 senadores e 8 ministros serão investigados sob a suspeita de terem recebido recursos ilícitos da empreiteira, seja via caixa 2 de campanha ou propina.

Vicente Cândido, por exemplo, foi acusado de receber R$ 50 mil durante a campanha para auxiliar na busca por financiamento para a construção do estádio do Corinthians.

Já Lúcio Vieira Lima teria recebido R$ 1 milhão para ajudar a aprovar uma medida provisória no Congresso. Ambos negam as acusações.

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