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Deputado estadual prometeu verba a lobista de esquema

Roque Barbiere (PTB) prometeu ao lobista Osvaldo Ferreira Filho, preso na Operação Fratelli, conseguir recursos públicos no valor de R$ 250 mil para a Prefeitura de Barretos


	O deputado estadual Roque Barbiere (PTB) não é investigado e caiu no grampo da Polícia Federal porque o celular do lobista estava sendo monitorado
 (Divulgação/Alesp)

O deputado estadual Roque Barbiere (PTB) não é investigado e caiu no grampo da Polícia Federal porque o celular do lobista estava sendo monitorado (Divulgação/Alesp)

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Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2013 às 09h52.

São Paulo - O deputado estadual Roque Barbiere (PTB) prometeu ao lobista Osvaldo Ferreira Filho, o Osvaldinho, preso na Operação Fratelli na terça-feira,09, conseguir recursos públicos no valor de R$ 250 mil para a Prefeitura de Barretos, interior de São Paulo.

Osvaldinho foi assessor do hoje secretário-chefe da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Edson Aparecido, durante oito anos e é apontado como o elo entre a empreiteira Demop, acusada de fraudar licitações, e prefeituras paulistas.

Barbiere não é investigado e caiu no grampo da Polícia Federal porque o celular do lobista estava sendo monitorado.

Em ligação de 1.º de fevereiro, às 14h56, Osvaldinho procura Barbiere e diz a ele: "Tô precisando de uma ajuda sua. Nós tamo fazendo um negócio aqui em Barretos e aqui tem uma epidemia de dengue do c... Se eu levar o prefeito aí, você não arruma uns 250 mil prá ele? Na saúde?" O deputado estadual do PTB responde: "Arrumo, ué, fazer o quê? Alguma vez cê me pediu alguma coisa e eu falei não pra você? Cê tá acostumado com esses tucanos que só prometem e não cumprem nada!" Osvaldinho dá sequência: "Isso é verdade, tô acostumado com os tucanos. Eles prometem e a hora que você vai ver, c... em cima da gente".

Guilherme Ávila (PSDB), prefeito de Barretos, confirmou, por meio de sua assessoria, que no Encontro de Prefeitos conheceu "várias pessoas" que se dispuseram a ajudar o município, entre elas Osvaldinho, "que se apresentou ao prefeito". No evento, no Memorial da América Latina, dia 13 de março, Alckmin anunciou a liberação de R$ 2,46 bilhões em investimentos para administrações municipais.

Barbiere é o delator do esquema de venda de emendas parlamentares. Em agosto de 2011 ele revelou que entre 25% e 30% de seus pares na Assembleia Legislativa de São Paulo "vendem emendas e enriquecem". Nunca citou nomes. O promotor Carlos Cardoso ficou responsável pela investigação por mais de um ano, mas aposentou-se e nada descobriu.


Osvaldinho foi preso pela Operação Fratelli, desencadeada na terça feira. Ele é investigado por suposto envolvimento em esquema de corrupção e fraudes em licitações municipais com recursos de emendas parlamentares e convênios com ministérios do governo Federal. Entre 2002 e 2010, Osvaldinho foi assessor de Edson Aparecido, na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados.

Também foi preso o empresário Olívio Scamatti, das relações pessoais de Aparecido. Controlador do Grupo Demop, empreiteira que teria sido a principal beneficiada em licitações dirigidas, Scamatti é apontado como líder do grupo que mantinha sob seu controle as administrações de pelo menos 78 municípios paulistas.

"É verdade isso aí", disse Barbiere ao Estado ao confirmar o pedido de Osvaldinho. "O prefeito esteve comigo, um rapaz novo, barbudo. Foi no meu gabinete. Não fiz emenda. Perguntei quantos votos eu tive em Barretos e disse a ele: ‘O que eu posso fazer para você é marcar uma audiência na Secretaria de Saúde, você vai lá’. Não sei o que o Osvaldinho prometeu para ele, mas posso auxiliar qualquer prefeito com dificuldade de audiência com secretário. Não há ilícito nisso, é um trabalho político. Se descobrir um prefeito, nesses meus 24 anos como deputado, que diga que fiz emenda ou indiquei empreiteira eu renuncio."

O prefeito de Barretos disse que esteve no gabinete de Barbiere e que o deputado sustentou que não poderia "ajudar com verba" pois "não teve votos na cidade". "A emenda não foi liberada e o deputado avisou que não seria." O criminalista Fábio Tofic, que defende Osvaldinho, disse que não teve acesso à integra dos autos da Operação Fratelli e, portanto, não iria comentar o caso.

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