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Deputado do PP indicou empresa para obra no MA, diz doleiro

Alberto Youssef disse que Luiz Fernando Faria (PP/MG) participou de um esquema de propinas e indicou a contratação de uma empresa para obras de refinaria no MA

Luiz Fernando Faria (PP): Youssef declarou que, ao cobrar comissão da Fidens Engenharia, soube que a empresa havia sido contratada por "uma ingerência pessoal" de Faria (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de março de 2015 às 22h54.

São Paulo e Curitiba - O doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava Jato , afirmou que o deputado Luiz Fernando Faria (PP/MG) participou de um esquema de propinas e indicou a contratação de uma empresa de mineração e construção pesada para as obras da refinaria Premium I, no Maranhão.

Em delação premiada na Operação Lava Jato, Youssef declarou que, ao cobrar comissão da Fidens Engenharia, soube que a empresa havia sido contratada por "uma ingerência pessoal" do parlamentar.

Luiz Fernando é um dos políticos apontados pelo doleiro em sua delação perante a força-tarefa da Lava Jato, investigação que desmantelou esquema de corrupção que funcionou na estatal petrolífera entre 2003 e 2014.

O deputado mineiro nega categoricamente ter indicado empresa para a refinaria Premium I ou recebido valores ilícitos. Seu nome também foi citado na delação do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.

O procurador-geral da República Rodrigo Janot deverá anunciar esta semana medidas de investigação contra deputados e senadores apontados pelo doleiro e pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Ambos fizeram delação premiada.

A Premium I, orçada em R$ 20 bilhões e situada em Bacabeira, a 60 quilômetros da capital São Luís, foi projetada para operar como a maior refinaria da Petrobras - capacidade para processar 600 mil barris por dia de petróleo. Mas o empreendimento emperrou há três anos, ainda na gestão Roseana Sarney (PMDB). Na semana passada, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), reivindicou à presidente Dilma Rousseff (PT) que autorize a retomada das obras.

Em um de seus inúmeros relatos aos procuradores da República que investigam empreiteiras que se uniram em cartel para conquistar contratos bilionários da Pretrobras, Youssef citou a Premium I e o deputado mineiro Luiz Fernando, do PP. Esse depoimento foi realizado no dia 12 de novembro na sede da Polícia Federal em Curitiba, base da Lava Jato.

O doleiro afirmou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, ganhou propina de 30% sobre o montante desviado de um dos itens das obras, relativo à terraplanagem da refinaria. A Fidens, fundada em 1968, fica em Minas.

Segundo Youssef, a licitação da terraplanagem ocorreu entre 2010 e 2011 "sendo acertado que as vencedoras seriam a Galvão Engenharia, Serveng e Fidens". Ele afirmou que "ficava sabendo antecipadamente" o nome das empresas que ganhariam as licitações no âmbito da Premium I. O doleiro contou que "foram feitas reuniões" em seu escritório em São Paulo, na Avenida São Gabriel, Itaim Bibi. Nem a Serveng e nem a Fidens são acusadas de participar do cartel de empreiteiras que atuava na estatal.

Ficou acertado, segundo o delator, o pagamento de comissão de 1% sobre o valor do contrato. Os repasses teriam sido iniciados seis meses depois do início da obra. Ele falou sobre uma reunião com a Galvão Engenharia, representada na ocasião pelo executivo Erton Medeiros, alvo da Lava Jato.

Nesse encontro, disse Youssef, "ficou acertado" que a comissão seria liberada mediante a emissão de notas das empresas MO e Rigidez - companhias de fachada controladas pelo doleiro para fluir o trânsito de propinas. Ele contou que um diretor da Serveng, conhecido por Paulo, "procedeu a negociação da comissão a ser paga pela empresa", no montante de R$ 700 mil, parcelados em sete vezes de R$ 100 mil cada.

"O próprio Paulo esteve no escritório da Avenida São Gabriel entregando tais quantias em espécie", declarou o doleiro.

Segundo ele, "de regra" o líder do consórcio negociava o pagamento das comissões. A obra de terraplanagem da refinaria foi uma exceção. "O caso presente foi excepcional pois cada empresa acabou pagando o valor proporcional à sua parte do contrato", disse o doleiro.

Ao procurar a Fidens para realizar a cobrança soube que essa empresa ingressou no certame e foi contratada "devido a uma ingerência pessoal do deputado Luiz Fernando do Partido Progressista junto a Paulo Roberto Costa". Segundo o doleiro, a comissão seria paga diretamente pela Fidens. "Isso me foi informado inclusive pelo próprio Paulo Roberto Costa."

Defesa

Por meio de sua assessoria de imprensa, o deputado Luiz Fernando (PP/MG) rechaçou a informação de que teria participado da indicação da Fidens. Negou também ter recebido valores ilícitos e destacou sua "longa e imaculada vida pública".

A Fidens também nega que tenha sido contratada por ingerência pessoal do deputado Luiz Fernando e que tenha pago propina ao parlamentar e participado de qualquer irregularidade nas obras da Premium I.

Segundo nota da Galvão Engenharia, os contratos da empresa foram firmados de maneira lícita. Os pagamentos realizados resultaram de extorsão e concussão, e não têm relação com valores contratados.

A Serveng disse que "desconhece o assunto e declara que sua atuação é pautada no cumprimento à lei."

São Paulo - Dos 27 escolhidos para participar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras , ao menos 13 tiveram parte de suas campanhas eleitorais financiadas por empresas investigadas no âmbito da Operação Lava Jato , que apura esquema de corrupção na estatal. Juntas, Odebrecht , Galvão Engenharia , Engevix, Andrade Gutierrez , UTC , OAS e Toyo Setal doaram mais de 3,5 milhões de reais aos deputados federais que vão atuar na CPI que foi instalada nesta quinta-feira. Quase metade desse valor foi doado apenas para os deputados Hugo Motta (PMDB-PB) e Luiz Sérgio (PT-RJ), respectivamente presidente e relator da comissão. O aparente paradoxo gerou um debate acalorado no primeiro dia de trabalhos da CPI. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) apresentou uma questão de ordem pedindo a destituição dos parlamentares que receberam doações das empresas investigadas. O pedido foi rejeitado pela Câmara. "Não podemos criminalizar quem recebeu o financiamento legal para suas campanhas",  disse o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ).  Esta é a terceira vez que o Congresso instala uma CPI para investigar o esquema de corrupção na Petrobras. O objetivo, desta vez, é apurar as irregularidades ocorridas entre 2005 e 2015. Os trabalhos devem durar 120 dias, com a possibilidade de prorrogação de mais 60 dias. Veja, nas fotos, o ranking dos deputados da CPI das Petrobras que mais ganharam das empresas da Lava Jato nas eleições, segundo levantamento de EXAME.com com base nos dados divulgados pelas campanhas dos parlamentares.
  • 2. 1º - Luiz Sérgio (PT-RJ)

    2 /17(Divulgação)

  • Veja também

    Total doado por investigadas na Lava JatoR$ 962.500,00
    OASR$ 380.000,00
    Queiroz GalvãoR$ 332.500,00
    UTCR$ 200.000,00
    Toyo SetalR$ 50.000,00
    O relator da CPI da Petrobras recebeu R$ 2.429.512,5 em doações nas eleições passadas. As empreiteiras da Lava Jato foram responsáveis por 40% deste total.
  • 3. 2º - Edio Lopes (PMDB-RR)

    3 /17(Divulgação/ Facebook Edio Lopes)

  • Total doado por empreiteiras investigadas na Lava JatoR$ 680.732,00
    Andrade e GutierrezR$ 500.000,00
    Queiroz GalvãoR$ 130.000,00
    OASR$ 50.732,00
    O deputado Edio Lopes recebeu R$ 2,4 milhões em doações nas eleições de 2014. As empreiteiras da Lava Jato foram responsáveis por 28% desse total.
  • 4. 3º - Hugo Motta (PMDB-PB)

    4 /17(Reprodução/Flickr/PMDB Nacional)

    Total doado por empresas investigadas na Lava JatoR$ 454.572,50
    Andrade GutierrezR$ 254.572,50
    OdebrechtR$ 200.000,00
    Aos 25 anos, Hugo Motta é o presidente da CPI da Petrobras. Nas eleições de 2014, ele recebeu R$ 742.259,17 em doações.As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 0,07% deste total.
  • 5. 4º - Júlio Delgado (PSB-MG)

    5 /17(Câmara dos Deputados/Arquivo)

    Total doado por empresas investigadas na Lava JatoR$ 380.000,00
    Andrade GutierrezR$ 200.000,00
    Queiroz GalvãoR$ 100.000,00
    OdebrechtR$ 80.000,00
    O deputado Júlio Delgado ganhou R$ 1,7 milhão em doações de campanha no ano passado. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 21% deste montante.
  • 6. 5. Antônio Imbassahy (PSDB-BA)

    6 /17(Gustavo Lima/Câmara dos Deputados/Reprodução)

    Total doado por empresas da Lava JatoR$ 326.875,00
    OASR$ 250.000,00
    UTCR$ 76.875,00
  • 7. 6. Cacá Leão (PP-BA)

    7 /17(Divulgação/ Cacá Leão/Divulgação)

    Total doado por investigadas na Lava JatoR$ 306.993,10
    OASR$ 204.137,69
    Andrade GutierrezR$ 100.000,00
    UTCR$ 2.855,41
    O deputado Cacá Leão recebeu mais de 2 milhões de reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 14% deste montante.
  • 8. 7. Paulinho da Força (PDT-SP)

    8 /17(Antonio Cruz/ABr)

    Total doado por investigadas na Lava JatoR$ 240.925,50
    OdebrechtR$ 158.563,00
    Andrade e GutierrezR$ 33.887,50
    Queiroz GalvãoR$ 29.180,00
    UTCR$ 19.295,00
    O deputado Paulo Pereira da Silva recebeu mais de 2,8 milhões de reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 8% deste total.
  • 9. 8. Onyx Lorenzoni (DEM-RS)

    9 /17(Divulgação/ Onyx Lorenzoni)

    Total doado por investigadas na Lava JatoR$ 200.000,00
    Andrade e GutierrezR$ 200.000,00
    O deputado Onyx Lorenzoni recebeu pouco mais de 2 milhões de reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por quase 10% deste total.
  • 10. 9. João Carlos Bacelar (PR-BA)

    10 /17(Renato Araújo/ Agência Câmara)

    Total doado por investigadas na Lava JatoR$ 105.406,00
    OASR$ 104.500,00
    UTCR$ 556,00
    OdebrechtR$ 350,00

    O deputado João Carlos Bacelar recebeu pouco mais de 382 mil reais em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 27% deste total.
  • 11. 10. Félix Mendonça Júnior (PDT-BA)

    11 /17(Divulgação/ Facebook Félix Mendonça Júnior)

    Total doado por empresas investigadas na Lava JatoR$ 22.042,83
    OdebrechtR$ 9.600,00
    OASR$ 9.587,42
    UTCR$ 2.855,41
    O deputado Félix Mendonça Júnior recebeu R$ 1,2 milhão em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 1,8% deste total.
  • 12. 11. Afonso Florence (PT-BA)

    12 /17(Agência Brasil)

    Total doado por investigadas na Lava JatoR$ 16.183,25
    OASR$ 14.755,55
    UTCR$ 1.427,7

    O deputado Afonso Florence recebeu R$ 549,3 mil em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 2,9% deste total.
  • 13. 12 - Paulo Magalhães (PSD-BA)

    13 /17(Divulgação/ Renato Araujo)

    Total doado por empresas investigadas na Lava JatoR$ 5.293,23
    UTCR$ 2.855,41
    OASR$ 2.437,82

    O deputado Paulo Magalhães recebeu R$ 398.2 mil em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 1,3% deste total.
  • 14. 13 - Bruno Covas (PSDB-SP)

    14 /17(Divulgação)

    Total doado por empresas investigadas na Lava JatoR$ 2.711,50
    OASR$ 2.495,00
    Andrade GutierrezR$ 216,50
    O deputado Bruno Covas recebeu R$ 3,5 milhões em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 0,07% deste total.
  • 15. 14. Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP)

    15 /17(Larissa Ponce/Câmara dos Deputados/Reprodução)

    Total doado por empresas investigadas na Lava JatoR$ 2.343,75
    EngevixR$ 2.343,75
    O deputado Arnaldo Faria de Sá recebeu R$ 1,9 milhão em doações de campanha nas eleições passadas. As empreiteiras investigadas na Lava Jato foram responsáveis por 0,12% deste total.
  • 16. 15. Marcelo Squassoni (PRB - SP)

    16 /17(Divulgação/Facebook)

    Total doado por empresas da Lava JatoR$ 770,00
    Queiroz GalvãoR$ 290,00
    Constran (empresa da holding UTC)R$ 480,00
  • 17. Veja agora quais são as 9 CPIs que podem começar no Congresso ainda este mês

    17 /17(Ueslei Marcelino/Reuters)

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