Deputado consegue assinaturas para protocolar CPI da Prevent na Alesp
Apesar de a investigação se assemelhar à CPI da Covid, a comissão não irá substituir a investigação federal, visto que se trata de uma apuração específica no estado
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de setembro de 2021 às 16h13.
Última atualização em 27 de setembro de 2021 às 16h38.
Em meio às acusações contra a Prevent Senior pelo suposto uso de tratamentos sem eficácia científica comprovada contra a covid-19 em pacientes, denunciada na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid , no Senado, o deputado estadual Paulo Fiorilo (PT-SP) conseguiu 36 assinaturas para protocolar o pedido de abertura de uma CPI junto à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ( Alesp ) para investigar a operadora de saúde. A expectativa é que o pedido seja protocolado nesta segunda-feira, 27.
"É preciso apurar as irregularidades e punir os culpados", declarou o parlamentar ao anunciar o número de assinaturas necessárias para a abertura da comissão. Na Alesp, as CPIs são criadas por meio de requerimento de pelo menos um terço dos parlamentares, ou seja, 32 de um total de 94 deputados. Após o protocolo, o pedido aguarda decisão do presidente da Casa quanto à abertura da comissão.
No pedido, obtido pelo Broadcast Político, Fiorilo classifica como necessária e urgente a instalação da CPI. De acordo com o deputado, a instauração "vem ao encontro do anseio da sociedade e dos parlamentares que a subscrevem" para que possam ser apuradas as denúncias contra a Prevent Senior durante a pandemia de covid-19.
"É dever do Legislativo de agir, através de seu poder de investigação, mediante denúncias tão graves envolvendo uma empresa sediada no estado, que colocou em risco a vida daqueles que moram no estado de São Paulo", afirma o parlamentar.
Apesar de a investigação se assemelhar à CPI da Covid, no Senado o deputado destaca que a comissão não sobrepõe a investigação federal, visto que se trata de uma apuração específica de supostos crimes contra a saúde no estado de São Paulo pela operadora de saúde, e não a análise de todo o cenário e uso de verbas públicas no enfrentamento da pandemia nacionalmente.
Se for instalada, a CPI deve realizar seus trabalhos no prazo de 120 dias, prorrogáveis por mais 60 dias mediante aprovação da maioria absoluta de seus membros.
Em março do ano passado, a Prevent Senior anunciou que faria o estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina associada ao antibiótico azitromicina contra a covid-19. A pesquisa foi suspensa logo em seguida, em 20 de abril, pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). O órgão descobriu que os testes com pacientes haviam começado antes de a operadora receber o aval para a realização da pesquisa, o que é proibido no país.
Um grupo de 15 médicos que diz ter trabalhado na Prevent Senior encaminhou para a CPI da Covid, no Senado, um dossiê no qual informam que integrantes do chamado "gabinete paralelo" do governo de Jair Bolsonaro usaram a operadora de saúde como uma espécie de laboratório para comprovar a tese de que o chamado kit covid (hidroxicloroquina e azitromicina) era eficiente contra a doença e revelaram que pacientes não foram informados do tratamento experimental.
Procurada para se manifestar sobre a CPI, a Prevent não havia se manifestado até a publicação desta matéria.
Fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Assine a EXAME .