Brasil

Delta tem contrato suspenso e sigilo quebrado em TO

A empresa é suspeita de ligação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira

Delta: a decisão é de segunda-feira, 23, e impõe segredo de justiça ao processo a partir de agora (Divulgação)

Delta: a decisão é de segunda-feira, 23, e impõe segredo de justiça ao processo a partir de agora (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2012 às 17h13.

Palmas - A juíza substituta da 1ª Vara da Fazenda Wanessa Lorena Martins de Sousa Mota suspendeu o contrato, de R$ 71,9 milhões, firmado entre a prefeitura de Palmas a Delta Construções para a coleta de lixo na capital tocantinense e determinou a quebra de sigilo fiscal e bancário da empresa e de mais três réus da ação civil ajuizada pelo Ministério Público Estadual (MPE). A Delta respondeu o seguinte sobre a decisão da justiça: "A Delta recorrerá judicialmente em busca de seus direitos contratuais."

A empresa é suspeita de ligação com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira e o atual contrato com a administração de Raul Filho (PT) vem sendo investigado pelo MPE desde 2009, ano em que foi assinado após licitação que escolheu a Delta. Antes, a empresa executara diversos contratos para a limpeza urbana e coleta de lixo sem licitação. Somados todos os contratos entre a empresa e a prefeitura o montante passa de R$ 119 milhões em seis anos. Todos os contratos são alvo de inspeção do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

A decisão é de segunda-feira, 23, e impõe segredo de justiça ao processo a partir de agora, mas foi divulgada nesta quarta-feira pelo Ministério Público após intimação do promotor Adriano Neves, que havia pedido a suspensão em cautelar ajuizada na quinta-feira, 18. Foi a terceira tentativa do MPE, em dois anos, de anulação do contrato.


Além da Delta, a justiça determinou a quebra de sigilos bancários e fiscais do chefe de licitação da prefeitura de Palmas, Gilberto Turcato de Oliveira, do engenheiro da prefeitura, Luiz Marques Couto Damasceno, ex-responsável pela fiscalização do contrato e também do ex- secretário de Infraestrutura Jair Correa Júnior.

Ao formular o pedido de quebra dos sigilos, o promotor afirmou ter encontrado indícios de uma "notória máfia do lixo" e acusou os envolvidos de "conduta ilícita", como produzir falsos atestados de capacidade e manipular dados "de forma dolosa" para beneficiar a empresa e possibilitar a continuidade da empresa na licitação e fraude nas planilhas da medição de serviços que seriam preenchidas sem conferências, entre outras.

Na decisão, a juíza atendeu outro pedido do MPE e proibiu os repasses financeiros da Prefeitura à Delta. Segundo o Portal da Transparência da prefeitura, de janeiro até agora houve 26 empenhos (reserva no orçamento para pagamento futuro) para a empresa que somam R$ 17,4 milhões. Do valor, R$ 4,5 milhões já foram pagos e R$ 4,4 anulados. A juíza negou, porém, o pedido de bloqueio de bens dos envolvidos. Sobre a negativa, o promotor disse ao Grupo Estado que aguarda a conclusão da ação. "Se os réus forem condenados o juiz deve determinar o bloqueio dos bens para o ressarcimento ao erário dos prejuízos já anotados pela fraude à licitação ou pela manipulação das planilhas", disse.

Com a decisão, a prefeitura tem um prazo de 20 dias para a administração contratar emergencialmente outra empresa para o serviço, mas durante o período a Delta terá de continuar a coleta de lixo. Em nota, a Procuradoria Geral do Município afirma que aguarda a notificação oficial da decisão da juíza substituta, mas adiantou que o Executivo de Palmas irá cumpri-la "integralmente".

Acompanhe tudo sobre:Construtora DeltaCorrupçãoEmpresasEscândalosFraudesJustiça

Mais de Brasil

PT pede cassação de chapa do PL que elegeu Jair Renan Bolsonaro por suposta fraude na cota de gênero

Instituto Butantan pede registro de vacina contra dengue à Anvisa

Como dar entrada no seguro-desemprego? Veja o passo a passo