Delegado depõe na CNV e diz nada saber sobre tortura
Delegado Mauro Magalhães negou que tivesse intimidade com os agentes que atuaram na Casa da Morte
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2014 às 18h39.
Rio - Apontado como próximo aos militares que atuaram na Casa da Morte, em Petrópolis, na região serrana do Rio, durante a ditadura militar , o delegado Mauro Magalhães negou à Comissão Nacional da Verdade (CNV) que tivesse intimidade com os agentes.
Ele confirmou, no entanto, que conheceu o então capital do Exército Paulo Malhães, morto em abril, por meio do comissário de polícia Luiz Cláudio Azeredo Viana, o Luizinho, identificado pela revolucionária Inês Etienne como Laurindo, um de seus torturadores na Casa da Morte.
Quando perguntado sobre os presos políticos que foram levados para a cidade quando ele chefiava a delegacia local disse que "nunca soube de nada".
Magalhães também negou a existência da Casa da Morte. "Não confirmo até hoje porque não sei nem onde fica", disse.
O delegado disse que Malhães, torturador confesso de presos políticos, foi à delegacia "no máximo quatro vezes" para "tomar um cafezinho".
No depoimento, o policial chegou a afirmar que foi considerado "subversivo" pelos militares. "Eles não me tinham como homem de confiança. Iam me revelar o quê, que estavam matando, batendo e prendendo? Nunca fariam isso".
Magalhães também disse que conheceu Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, apontado por violações de direitos humanos no DOI-Codi, no Rio e na 1ª Cia da Polícia do Exército da Vila Militar.
O militar foi convidado para também prestar depoimento nesta terça-feira, 29, mas alegou problemas de saúde.
Após o depoimento, o membro da CNV José Carlos Dias disse que Magalhães perdeu uma oportunidade para contar sua versão sobre os atos cometidos durante a ditadura militar.
"Não se pode admitir que ele tendo sido delegado (de Petrópolis) quando a Casa da Morte fazia suas vítimas na cidade não saiba de nada. Acho impossível, mas ele tem o direito de mentir em sua defesa".
Ele lembrou, porém, que o delegado "está sendo desmentido por várias testemunhas e documentos".