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Delcídio aponta em delação propina de R$30 mi em Belo Monte

De acordo com o relato, a propina para o PMDB teria sido coordenada pelo ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau


	Usina de Belo Monte, no Pará: de acordo com o relato, a propina para o PMDB teria sido coordenada pelo ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau
 (Divulgação/Exame)

Usina de Belo Monte, no Pará: de acordo com o relato, a propina para o PMDB teria sido coordenada pelo ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau (Divulgação/Exame)

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Da Redação

Publicado em 15 de março de 2016 às 14h37.

São Paulo - O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) afirmou em sua delação premiada, homologada e divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, que houve propina de pelo menos 30 milhões de reais na construção da hidrelétrica de Belo Monte, que foram destinados a campanhas eleitorais de 2010 e 2014 do PT e do PMDB, inclusive da presidente Dilma Rousseff.

"Houve pagamento, à época, de ao menos 30 milhões de reais, a título de propina pela construção de Belo Monte, pagos ao PT e ao PMDB...(o ex-ministro) Antonio Palocci coordenou esses pagamentos de propina no âmbito do PT, destinando-os à campanha eleitoral de Dilma Rousseff e ao próprio PT, para redistribuição em benefício de diversas outras campanhas", afirma o documento.

De acordo com o relato, a propina para o PMDB teria sido coordenada pelo ex-ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.

"Rondeau destinou ditas propinas para o grupo de José Sarney, do qual fazem parte (o ex-ministro de Minas e Energia) Edison Lobão, o próprio Silas Rondeau, Renan Calheiros, Romero Jucá, Valdir Raupp e Jader Barbalho".

Estudada desde os anos 70, a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, foi licitada em 2010 e está orçada em mais de 25 bilhões de reais.

O pagamento dos valores teria sido realizado "pelo consórcio de construção da usina, capitaneado pela Andrade Gutierrez", segundo Delcídio, que disse que "soube dessas informações por meio de várias fontes", entre as quais o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e Flávio Barra, diretor da Andrade Gutierrez.

A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra também é citada como quem "fazia o diálogo com o empresariado", enquanto Palocci e Rondeau "demonstravam que o governo federal dava aval às tratativas".

Delcídio estimou "o valor destinado para as contribuições das campanhas (2010 e 2014) do PMDB e PT atingiram cerca de 45 milhões de reais".

Segundo ele, houve "forte disputa em relação ao fornecimento dos equipamentos" para a hidrelétrica, quando Erenice, Rondeau e Palocci teriam decidido em prol de um consórcio formado por fabricantes nacionais -- "tudo na busca da contrapartida, revelada nas doações de campanha".

Delcídio disse ainda que "recorda-se da influência direta" do falecido ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), em favor da entrada da argentina Impsa no grupo de fornecedores de Belo Monte.

"Ao longo do fornecimento dos equipamentos, ficou demonstrada a inaptidão da IMPSA em fazer frente a um desafio dessa envergadura. Delcídio, pela acima relatado, acredita que a contratação de equipamentos girou em torno entre 15 e 20 milhões de contribuições ilícitas para as campanhas do PMDB e PT", aponta a delação.

Procuradas, a Norte Energia, responsável por Belo Monte, e Andrade Gutierrez não comentaram imediatamente. A Impsa não foi encontrada para comentar.

A Norte Energia tem como principal acionista a Eletrobras, além de Cemig, Light, Neoenergia [GNAN3B.SO] e Vale, entre outras empresas e fundos de pensão.

A usina é um dos projetos mais controversos do país, com décadas de discussões sobre sua viabilidade e impacto ambiental.

Mesmo após o leilão, as obras chegaram a ser paralisadas diversas vezes por decisões judiciais e manifestações de ambientalistas e indígenas.

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