Delator diz que ajudou presidente do Instituto Lula Paulo Okamoto
Okamoto era identificado na planilha de pagamento de propinas como "Tokio"
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de abril de 2017 às 13h38.
São Paulo - Contato direto Luiz Inácio Lula da Silva e o empresário Emílio Odebrecht, patriarca da delação premiada do grupo fechada com a Operação Lava Jato, o executivo Alexandrino Alencar relatou que entre 2012 e 2013 deu ajuda financeira para o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto.
Identificado nas planilhas do departamento da propina da Odebrecht, o Setor de Operações Estruturadas, como "Tokio", ele teria recebido das mãos de Alexandrino uma espécie de mesada de R$ 10 mil - uma em 2012 e outras quatro em 2013.
"Eu dava pessoalmente para ele. E esses recursos vinham do Setor de Operações Estruturadas. Eu disse ao Emílio 'estou sentindo que o Paulo está em dificuldades e vou tentar ajudá-lo dentro de um valor que não seja ostensivo, que não ofenda a pessoa'", afirmou.
Alexandrino garantiu que foi uma oferta feita por ele ao presidente do Instituto Lula. "Era importante manter o canal de boa interlocução com o responsável pela agenda de Lula", registrou em um anexo sobre o tema entregue à Procuradoria Geral da República (PGR).
"Em todas as oportunidades entreguei, pessoalmente, a Paulo Okamoto, em cada uma das vezes, a importância de R$ 10 mil. Esse montante foi disponibilizado pela equipe de Hilberto Silva e as entregas foram feita no próprio Instituto Lula."
O delator disse que mantinha contato com Okamoto desde quando ele era presidente do Sebrae, no governo Lula. E que no Instituto, no período pós-Planalto, os dois teriam participado da montagem das contratações de palestras do petista pela Odebrecht.
O delator entregou cópias das planilhas do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o chamado departamento da propina, em que estão registradas as entregas de Okamoto, sob o codinome Tokio. Numa delas, a senha era "Polenta".
Paulo Okamoto negou que tenha recebido mesada de Alexandrino.