Dilma e Lula: segundo a reportagem, a presidente e o ex-presidente sabiam do esquema de corrupção na Petrobras (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2014 às 13h53.
Brasília - O advogado do doleiro Alberto Youssef, Antonio Figueiredo Basto, afirmou nesta sexta-feira, 24, em entrevista exclusiva ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que não iria se pronunciar sobre o conteúdo do vazamento de parte do depoimento de seu cliente. Ele também repudiou o uso político do material nesta reta final da eleição.
Reportagem publicada nesta sexta-feira pela revista Veja afirma que Youssef acusou, em depoimento na última terça-feira, 21, à Polícia Federal, em Curitiba (PR), a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabiam do esquema de corrupção na Petrobras.
"Eu não desminto nem confirmo esta matéria porque se trata de um procedimento sigiloso. Não posso confirmar nem dizer que é verdade ou mentira", afirmou. "E também não concordamos com o uso político dessa investigação", acrescentou Figueiredo Basto.
O advogado de Youssef disse não ter tido acesso ao material da revista e explicou que designou um integrante do seu escritório para acompanhar o processo de delação premiada que o doleiro está faz desde o dia 29 de setembro. Basto defendeu que se investigue o vazamento de parte do depoimento do seu cliente.
Ele disse que pretende se reunir com o grupo de procuradores que conduz as investigações da Operação Lava Jato para ver uma forma de evitar a divulgação de partes do processo de delação.
Para o defensor, a divulgação dos fatos "atinge pessoas e dá direito de impugnação" da delação premiada - ele ainda não homologou o acordo de colaboração com a Justiça, que poderá reduzir a pena do seu cliente.
"Para mim, é um vazamento que tem que ser investigado. Não sei quem vazou e com qual intenção: o ambiente é muito tumultuado. Acho que é hora dessas coisas serem tratadas com mais cuidado", disse.
Apesar do clima de tensão, Basto afirmou que não acredita que seu cliente seja alvo de retaliação pelas supostas declarações. "Em nenhum momento, a gente se sentiu ameaçado. Se houver (ameaça), a gente vai acionar a Polícia Federal", destacou.
O advogado ressaltou que o doleiro não vai depor à CPI mista da Petrobras, mesmo com a convocação já marcada para a próxima quarta-feira (29) pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
"Dentro da jurisprudência e da orientação do Ministério Público Federal, do procurador-geral da República (Rodrigo Janot) e do ministro-relator (Teori Zavascki), nós entendemos que ele não vai depor publicamente", afirmou. "Vai se gastar R$ 200 mil reais para nada", afirmou.
"Vamos manter a posição de tentar evitar a ida dele na quarta-feira. Evidentemente vamos dentro do possível tentar evitar que ele passe por algum processo de humilhação por algum parlamentar que venha a faltar com o decoro", completou ele, referindo-se ao fato de o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que também esteve na CPI no mês passado, ter ficado calado, mas ainda assim alvo de ataques pelos parlamentares.
O advogado, que está em São Paulo hoje, disse que vai se reunir na segunda-feira com o presidente e o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), para tratar do depoimento de Youssef. Vital ainda não decidiu se vai desmarcar ou não o depoimento dele, motivo de pressão dos oposicionistas há pelo menos duas semanas.