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Debaixo de chuva, Chapecó se despede de seus heróis

Os caixões, cobertos com as bandeiras verdes da equipe, foram retirados das aeronaves sob escolta militar e sobre um tapete vermelho

Despedida: corpos foram recebidos em meio à tristeza, ao choro e aos aplausos dos parentes das vítimas (Paulo Whitaker/Reuters)

Despedida: corpos foram recebidos em meio à tristeza, ao choro e aos aplausos dos parentes das vítimas (Paulo Whitaker/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de dezembro de 2016 às 12h52.

Última atualização em 3 de dezembro de 2016 às 15h25.

Chapecó - Chapecó se uniu emocionada neste sábado para se despedir de seus jogadores de futebol mortos em um acidente aéreo em Medellín, no mesmo estádio onde esta pequena cidade de Santa Catarina aprendeu a sonhar alto.

Cinquenta caixões cobertos com a cor verde da Chapecoense foram conduzidos sob uma chuva torrencial do aeroporto, onde foram recebidos com honras militares, até a Arena Condá.

No estádio, o estranho silêncio acompanhado por um fundo musical emotivo só era rompido ao grito de "campeões, campeões", quando as telas mostravam imagens do cortejo.

"Vínhamos a todas as partidas, com chuva ou sol. Nosso sonho finalmente era real, estava tão próximo, não há explicação", afirmou emocionado à AFP Rui Alonso Thomas, um mecânico que acompanhava a passagem do cortejo junto a sua filha de dez anos.

"Chapecó vai demorar a se recuperar, mas eu vou continuar vindo ao estádio", acrescentou.

"Viemos porque a Chapecoense está no nosso coração, é nossa família. A chuva não nos deteve porque tínhamos muita vontade de nos despedir", declarou Patricia Carraro, de 32 anos, que foi à cerimônia acompanhada de sua família.

A tragédia abalou o mundo do esporte, que multiplicava suas homenagens. Na Espanha, Neymar chegou ao estádio do Barcelona, antes do clássico com o Real Madrid, levando sobre seu ombro esquerdo a camisa verde da Chapecoense.

Desafio logístico

Cerca de 100.000 pessoas eram aguardadas nos arredores do estádio procedentes de diversos pontos da região.

A grande maioria, no entanto, precisará acompanhar o velório do lado de fora do estádio, através de telões que foram instalados, já que as arquibancadas da Arena Condá têm capacidade para apenas 19.000 pessoas.

Nas tendas erguidas com estruturas metálicas na grama do estádio só poderão entrar 2.000 pessoas, entre familiares e parentes dos falecidos.

À complicada gestão da multidão se soma o protocolo de recepção das diferentes autoridades e figuras do futebol, que irão à cidade para mostrar seu pesar diante do pior acidente aéreo do esporte mundial.

O presidente Michel Temer chegou a Chapecó pela manhã, e se reuniu no aeroporto com familiares das vítimas.

Inicialmente, a participação do presidente deveria se limitar a este encontro, mas finalmente decidiu se dirigir até o estádio, indicou a Presidência.

A imprensa indicava que ele temia vaias, mas o próprio Temer informou que adiou o anúncio de sua presença para facilitar o trabalho da segurança.

"Talvez tenha sido orientado por seus assessores, por medo de que o vaiassem. Para nós isso não é o principal", disse Alexandre Bledin, um arquiteto de 34 anos. "Para mim é o de menos neste momento. São questões políticas que agora não importam", declarou.

O técnico da seleção brasileira, Tite, também estava presente.

A grande maioria dos 71 falecidos no acidente serão velados no estádio. Os outros eram tripulantes do avião ou jornalistas de grandes meios de comunicação que fretaram voos para transferir os corpos, indicou à AFP um porta-voz da FAB.

Após a cerimônia, as famílias poderão viajar com seus mortos para seus locais de origem, já que a maioria do plantel era de fora de Chapecó.

O acidente ocorreu na noite de segunda-feira quando o avião que transportava a equipe da Chapecoense, que iria disputar o jogo de ida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional da Colômbia, caiu perto de Medellín.

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