Lula e Alckmin embarcam para China nesta terça-feira, 11 (Ricardo Stuckert/Planalto/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 10 de novembro de 2024 às 13h02.
A dois anos das eleições presidenciais, o fortalecimento de partidos de centro nas disputas municipais deflagrou uma corrida nos bastidores por um lugar na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, caso ele tente a reeleição. As conversas envolvem especialmente aspirações do MDB e do PSB, que hoje ocupa o posto com o vice-presidente Geraldo Alckmin.
A possibilidade de uma mudança na aliança passou a ser defendida por uma ala do PT, que advoga pela ampliação de acordos da legenda rumo ao centro. Esse cenário incluiria mais espaços para siglas como o MDB, PSD e União Brasil.
A leitura anima especialmente quadros do MDB, já que PSD e União Brasil preveem mais dificuldade para selar uma parceria nacional com o petismo, uma vez que as duas legendas abrigam opositores ao atual governo.
Embora o MDB também tenha divisões, emedebistas que defendem a aproximação lembram que o partido já fez essa aliança com o PT no passado, além de ter apoiado Lula no segundo turno em 2022. Três nomes circulam na cúpula da legenda como bem posicionados para uma eventual vaga de vice: o governador do Pará, Helder Barbalho, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o ministro dos Transportes, Renan Filho.
Entre prós e contras, líderes da sigla citam que Tebet tem como trunfo o fato de ter conquistado visibilidade nacional na eleição de 2022. Ela não foi ao segundo turno, mas recebeu quase 5 milhões de votos. Por outro lado, a avaliação é que falta a ela força partidária, o que sobra quando se fala de Helder e Renan Filho. Herdeiros de dinastias do MDB, as famílias Barbalho e Calheiros, e com mandatos bem-sucedidos nos governos de seus estados, são políticos com inegável força local e desenvoltura dentro do partido.
Considerado um dos quadros em ascensão na legenda, Renan Filho vem correndo por fora no momento na bolsa de apostas. Integrantes do MDB dizem que ele tem credenciais suficientes para compor uma chapa ao lado de Lula e o enxergam com vontade de alçar voos dessa envergadura. Eles lembram, porém, que a conjuntura local pode atrapalhar uma articulação neste sentido. Seu pai, Renan Calheiros, terá de concorrer a um novo mandato como senador por Alagoas em 2026 e isso pode levá-lo a se candidatar novamente ao governo estadual para fortalecer seu grupo político.
Já Helder estará desimpedido. Ao fim de seu segundo mandato, seu plano é se candidatar ao Senado. Isso, claro, se não houver outro chamado, como para a vaga de vice de Lula, diz um aliado.
O bom desempenho do grupo político de Helder, que fez 141 das 144 prefeituras paraenses, reforçou sua posição como líder nacional do MDB. Além disso, ele terá a plataforma da COP30, que acontecerá no ano que vem, para catapultar sua imagem.
O PSB, por sua vez, acompanha as articulações com cautela. O partido gostaria de manter a vice e pretende se posicionar dessa maneira, mas integrantes da cúpula antecipam que as conversas devem ser difíceis. Diferentemente do MDB, que tem uma ala bolsonarista, o PSB não conseguiria sustentar uma aliança nacional com a direita. Assim, a aliança com Lula seria selada com ou sem o posto.
Mas ministros dizem não acreditar que o presidente rifará Alckmin, que vem se mostrando um vice leal e comprometido com a agenda do governo. Eles citam a decisão do petista anos atrás de manter José Alencar como vice para seu segundo mandato, apesar de ele ser do então nanico PRB (atual Republicanos).
"Defendemos que seja mantida a aliança e o nome de Alckmin. Além de necessário, pois representa setores que o PT não alcança, ele tem se provado leal e trabalhador. Encontrar um vice ideal é difícil e Lula o encontrou", diz Carlos Siqueira, presidente do PSB.
Auxiliares do presidente ponderam, entretanto, que pode haver um cenário no qual Alckmin seja incentivado, por exemplo, a disputar o governo de São Paulo ou se lançar como senador justamente para encorpar o palanque da esquerda no estado.
Integrantes do PT consideram o interior de São Paulo como um dos principais redutos do bolsonarismo no país e, por isso, será essencial chegar em 2026 com uma estratégia muito bem definida para o eleitorado paulista.
Já uma chapa “puro sangue", com vice petista, seria “suicídio” diante do resultado da eleição e da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, diz um importante ator do Centrão. No PSD, há aliados dispostos a seguir com Lula, mas integrantes da cúpula veem como impossível a costura na chapa presidencial por conta da aliança do presidente da sigla, Gilberto Kassab, com o governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O caminho mais provável, dizem, é a fragmentação de apoios, com Lula levando o suporte do PSD em estados como Minas, Rio, Bahia, Amazonas e Mato Grosso. Mesmo caminho é hoje colocado como possibilidade para o União Brasil, que terá ainda pressões internas para se aliar ao bolsonarismo ou até a lançar um nome próprio ao Planalto.