Datena (Isac Nóbrega/PR/Flickr)
Agência O Globo
Publicado em 2 de dezembro de 2021 às 07h58.
Última atualização em 2 de dezembro de 2021 às 08h03.
O apresentador José Luiz Datena desistiu de se filiar ao PSD e decidiu apoiar a candidatura de João Doria (PSDB) à Presidência e Rodrigo Garcia (DEM) ao governo de São Paulo em 2022. Desde o mês passado, quando deixou o PSL, o jornalista vinha ensaiando sua ida para o partido de Gilberto Kassab que, segundo ele, agora está fora de cogitação.
Em reunião com Garcia e Rodrigo Maia, hoje secretário no governo de Doria, Datena afirma ter sido convidado para participar da chapa de Doria e Garcia em um cargo majoritário, provavelmente de senador ou até vice-governador.
— Fui convidado para um cargo majoritário. Qual é não sei. Minha intenção é pelo Senado, mas temos um grande quadro que é o (José) Serra. Mas aceitei o convite, mesmo porque sou um dos mais críticos ao governo de São Paulo. A partir do momento em que o candidato à Presidência do partido e o candidato ao governo me chamam, é porque entendem que parte das críticas que faço são pertinentes e posso apresentar propostas para ajudar o Estado e o Brasil — afirmou o apresentador ao GLOBO.
Em viagem a Nova Iorque, Doria confirmou o convite, mas não disse qual será o cargo de Datena:
— Sobre posições, ainda temos que evoluir um pouco mais, mas ele é bem-vindo. É um apoio importante, uma pessoa que tem prestígio, força popular, credibilidade, e percebo agora que ele está determinado. Não vejo nenhuma hipótese do Datena, como aconteceu circunstancialmente em 2016 e 2018, não avançar para as eleições de 2022 — disse o governador de São Paulo.
Dentro do PSDB, a avaliação é que, embora seja interessante do ponto de vista político, o apoio de Datena a Doria e Garcia ainda não é uma ideia sólida. Além de ter o destino partidário incerto, o apresentador mudou seus planos pelo menos três vezes nos últimos meses. No PSL, foi cogitado como candidato à Presidência. Depois, em novembro, anunciou que deixaria o antigo partido de Jair Bolsonaro para se filiar ao PSD, de Kassab, e disputar o Senado. A filiação tinha até data marcada: 24 de novembro. Mas foi adiada sob a justificativa de esperar um "um quadro (eleitoral) mais claro". Menos de um mês depois, ele anuncia o apoio a Doria.
Até mesmo o ex-governador Ciro Gomes (PDT), amigo do apresentador há anos, sinalizou que gostaria de tê-lo como vice no ano que vem.
Na reunião que ocorreu na semana passada, em São Paulo, foi citada a possibilidade de concorrer como senador ou vice-governador no ano que vem, diz Datena.
— Não foi ventilado ser vice-presidente. Mas política muda muito. Se convidar a ser candidato a vice, estaria preparado para isso. Se somar meus números com o do Doria, empata com Ciro e Moro.
Uma das razões para ter descartado a ida ao PSD foi a demora na definição de Geraldo Alckmin, que também negocia filiação ao PSB e ainda mantém conversas para ser vice na chapa de Lula. O apresentador disse que não é crítico à dobradinha do tucano com o petista e que agora vê possibilidade de aliança em todo o lugar.
— Qual o problema do Alckmin ser vice do lula? Nenhum. Mas acho que o Lula tem mais vantagem do que ele.
Sobre o seu futuro partidário, Datena diz que ainda é incerto. Cogita, sim, ida ao PSDB, mas disse que a escolha dependerá das negociações de Doria e Garcia. Uma das possibilidades é o próprio União Brasil, fusão do PSL com o DEM.