LULA E CUNHA: dia de o ex-presidente ser testemunha do ex-presidente da Câmara / Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2016 às 05h56.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h05.
Está marcado para esta quarta-feira o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Operação Lava-Jato, como testemunha de defesa na ação penal contra o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. O juiz federal Sergio Moro dispensou a presença do petista em audiência em Curitiba, dando a possibilidade de questioná-lo por videoconferência. Ainda é um mistério, porém, o motivo da convocação de Lula e o que será tratado pelos advogados de Cunha.
Qual a estratégia de Cunha. Na segunda-feira, ele teve metade das perguntas ao presidente Michel Temer vetadas – mas convenientemente divulgadas. Entre elas, inferiu relação de Temer com Jorge Zelada, ex-diretor da Petrobras envolvido no esquema de corrupção, e perguntou se o presidente teria ciência de doações feitas à campanha em 2010 de forma ilegal. A ideia é mostrar poder de fogo e fazer com que as instâncias superiores se envolvam.
Não veio a público qualquer veto por parte do juiz ao que será perguntado a Lula, mas sobram motivos para acreditar que Cunha utilizará a mesma estratégia. Para um jurista próximo à investigação ouvido por EXAME Hoje, a estratégia pode ser uma tentativa de Cunha de guiar indiretamente (e publicamente) o Ministério Público Federal e o Supremo a investigar relações entre políticos e envolvidos no esquema da Petrobras, ao mesmo tempo em que mostra a força das informações que detém para barganhar um acordo de delação premiada.
“A acusação de outras pessoas no processo não o absolve, mas a estratégia contra Temer dá a entender que ele tem conhecimento de pessoas com prerrogativa de foro envolvidas. São cartas na manga para fechar uma colaboração”, afirma. “Contra Lula, a defesa já mostrou que esta será a linha adotada. Não é algo comum em uma defesa penal, mas, neste caso, ele tenta aterrorizar suspeitos e jogar com a pressão da opinião pública contra o Judiciário”. Consultados, os advogado de defesa de Lula não revelaram como pretendem agir.