Carteira de trabalho: em 2012, havia 673 mil trabalhadores em cultura a menos do que três anos antes (Marcello Casal Jr/ABr)
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2013 às 14h00.
Rio - A cultura sofre mais os efeitos da crise de 2009 do que o restante das atividades econômicas do País. Em especial no que diz respeito à geração de empregos, mostra pesquisa divulgada nesta sexta-feira, 18, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 2009 e 2012, o número de pessoas ocupadas no setor cultural caiu 15,6%, enquanto na economia em geral cresceu 2,2%.
Em 2012, havia 673 mil trabalhadores em cultura a menos do que três anos antes. O cenário preocupante é o oposto do que a cultura registrou entre 2007 e 2009, quando o crescimento de pessoas ocupadas superou o desempenho nacional.
A terceira edição da pesquisa Sistema de Informações e Indicadores Culturais mostra que, em 2012, 3,65 milhões de pessoas trabalhavam no setor cultural, que vai desde atividades artísticas até telefonia. Em 2009, 4,32 milhões de pessoas estavam empregadas em cultura. O IBGE leva em conta empregos gerados na indústria, no comércio e no setor de serviços.
A radiografia da cultura, que está na terceira edição, é feita em parceria com o Ministério da Cultura e reúne dados de vários levantamentos, como Cadastro Central de Empresas (CEMPRE); Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF); Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e as Pesquisas Anuais de Comércio, Indústria e Serviços (PAC, PIA e PAS).
Migração
Em 2007, 4,6% do total de trabalhadores do País atuavam no setor cultural. Em 2012, a proporção caiu para 3,9%. O estudo do IBGE diz que uma possibilidade para a redução do pessoas ocupadas no setor cultural é que os trabalhadores tenham encontrado emprego formal em outras áreas da economia.
O número de trabalhadores em cultura sem carteira assinada caiu 18% entre 2009 e 2012, enquanto a queda do total de trabalhadores formais foi de 4%. Os dados não mostram, no entanto, quais setores absorveram os ex-empregados na cultura e se houve formalização desses trabalhadores.
Se for levado em conta apenas o setor privado, o número de trabalhadores em cultura é crescente, mas aumenta em ritmo mais lento que o total da economia. Havia 400 mil empresas privadas do setor cultural em 2012, 9% a mais que em 2007. O número total de empresas privadas do País cresceu 16% no mesmo período e chegou a 5,1 milhões.
Em 2007, 8,3% das empresas privadas do País eram do setor cultural, proporção que caiu para 7,8% em 2012. Mais da metade (55,5%) é do setor de serviços; 39,7% do comércio e 4,8% da indústria.
A cultura perdeu espaço também na geração de receita. Em 2007, as empresas do setor cultural geraram 8,9% de toda a receita das empresas privadas no País. Em 2010, essa participação caiu para 8,3%.
Microempresas
O setor cultural é o paraíso das microempresas, mostra a pesquisa do IBGE. Oito em cada dez empresas ligadas à cultura (82,5%) têm no máximo quatro funcionários. As que empregam mais de 500 pessoas são apenas 0,1% do total de 400 mil empresas do setor cultural. No total da economia, 76% das empresas têm até quatro funcionários.
Apenas 0,31% dos gastos públicos de União, Estados e municípios foram para cultura em 2010, mostra o IBGE. Apesar da baixa proporção, foi um avanço em relação a 2007, quando a proporção era de 0,25%. Em 2010, o total de gastos públicos em cultura foi de R$ 7,25 bilhões, ante R$ 4,41 bilhões em 2007. Os municípios têm os maiores gastos em cultura, chegando a 1,1% dos desembolsos. Os Estados reservam para a cultura 0,5% das despesas e a União, apenas 0,1%.