A médica cubana Ramona Matos Rodríguez: ela se diz indignada por receber menos que os outros profissionais do programa e afirma que vivia sob restrições (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2014 às 18h20.
Última atualização em 19 de novembro de 2018 às 22h49.
*Reportagem publicada em 10 de fevereiro de 2014.
São Paulo – A médica cubana Ramona Matos Rodríguez, que deixou o Mais Médicos e pediu asilo ao Brasil na semana passada, afirmou hoje em depoimento ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que o contrato assinado para participação no programa do governo federal brasileiro proíbe namoro ou eventual casamento com pessoas não cubanas sem a autorização prévia de um representante de Cuba (veja o depoimento na íntegra abaixo).
Ramona foi ouvida como testemunha em inquérito do MPT que questiona a legalidade do Mais Médicos.
Para o procurador Sebastião Caixeta, ao contrário da alegação do governo de que os profissionais seriam trazidos para cursos de especialização, o que ocorre na prática é uma relação trabalhista e não de bolsa educacional.
Para o procurador, os médicos cubanos deveriam receber o mesmo salário de R$ 10 mil pago aos brasileiros e outros estrangeiros que vieram ao país. Ramona afirma que recebia apenas 400 dólares do valor total pago pelo governo.
Caixeta adiantou que acredita que o Mais Médicos fere a legislação brasileira e que o inquérito deve ser finalizado até o fim do mês.
No depoimento de hoje, a médica voltou a dizer que era proibida de deixar a cidade sem autorização de um responsável cubano no Brasil e que o contrato não permitia que eles discutissem suas cláusulas com terceiros.
Já no ano passado, surgiu a desconfiança de que Cuba poderia estabelecer para o Mais Médicos as mesmas regras rígidas de controle presentes em outros tratados semelhantes em países como Venezuela e Bolívia.
Após o caso de Ramona, o Mais Médicos já registra novo caso de deserção. O cubano Ortelio Jaime Guerra teria abandonado, há pelo menos uma semana, a cidade paulista de Pariquera-Açu, onde prestava atendimento.
Veja a seguir, a íntegra do depoimento da médica Ramona Matos Rodríguez ao MPT: