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Crivella tem 90 dias para retomar base, começando por Carlos Bolsonaro

Vereadores do Rio aprovaram ontem abertura do processo de impeachment do prefeito, por 35 votos a 14

Crivella: prefeito não tem vice desde a morte de seu companheiro de chapa, há um ano (Divulgação)

Crivella: prefeito não tem vice desde a morte de seu companheiro de chapa, há um ano (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2019 às 07h04.

Última atualização em 3 de abril de 2019 às 07h24.

Esta quarta-feira é o primeiro de longos 90 dias em que o governo do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), respirará por aparelhos. Ontem os vereadores da cidade aprovaram a abertura de um processo de impeachment contra o prefeito. Uma nova votação será feita em três meses e, caso Crivella não alcance ao menos um terço dos votos entre os 51 senadores, perde o mandato um ano e meio antes do fim de sua vigência.

A possibilidade jogaria o Rio num limbo político, já que o vice eleito na chapa com Crivella, Fernando Mac Dowell, morreu em maio do ano passado em decorrência de um infarto. Ainda não está claro se haveria uma eleição direta ou indireta para a sucessão do prefeito em caso de vacância do cargo nas atuais condições.

O placar de ontem, de 35 votos a 14 contra o prefeito, mostra o tamanho da insatisfação da Câmara com a falta de articulação do governo. Crivella é acusado de renovar de forma ilegal dois contrato de concessão de publicidade no mobiliário urbano que deveria vencer este ano, mas foi renovador em dezembro. A manobra dispensou uma nova licitação levaria a perdas para o município, segundo o processo.

Os vereadores estão especialmente insatisfeitos com a demora para a liberação de recursos para obras e projetos em suas bases eleitorais, assim como com a demissão de correligionários sem a devida negociação que costuma anteceder esses movimentos. O jogo político, portanto, mais do que questões técnicas, deve marcar a tramitação do impeachment nos próximos 90 dias.

Na teoria, o trabalho da prefeitura é simples: reverter dois votos. Mas uma leva de insatisfação com o governo Crivella deve dificultar a articulação. O jornal O Globo mostrou que um grupo de seis deputados que apoiaram o prefeito em votações tidas como essenciais, como o aumento do IPTU, em 2017, votaram a favor da admissibilidade do impeachment. Até mesmo Carlos Bolsonaro votou contra o prefeito, ontem. Crivella fez campanha pela eleição de seu pai, Jair Bolsonaro, e divide com ele pautas liberais e a base de eleitores evangélicos que fez a diferença em sua vitória em 2016.

O prefeito diz que a Fazenda recomendou a prorrogação do contrato com as empresas de publicidade. Seus aliados afirmam ainda que a renovação não tem relevância suficiente para que o prefeito venha a perder o cargo. A soma de uma articulação ineficiente, a falta de bandeiras na gestão e uma longa sucessão de problemas no município foram os verdadeiros fatores determinantes para colocar Crivella no purgatório. O prefeito tem 90 dias para sair dele.

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