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Crise amplia favelização na região do Rodoanel

Os novos moradores são famílias sem ligação com movimentos sociais ou partidos, que vieram, principalmente, das Regiões Norte e Nordeste do País

Rodoanel: logo no início do Rodoanel é possível ver novos barracos surgindo ao redor da comunidade Jardim da Paz (Mário Rodrigues/Veja SP)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2016 às 08h33.

São Paulo - O desemprego e a crise econômica têm levado favelas e ocupações irregulares da região do Rodoanel Oeste à expansão. Novos barracos - e até a reconstrução de antigos já derrubados pelo poder público - podem ser vistos desde o início da rodovia, perto das obras do Trecho Norte, até sua ligação com o Trecho Sul.

Os novos moradores são famílias sem ligação com movimentos sociais ou partidos, que vieram, principalmente, das Regiões Norte e Nordeste do País. Sem emprego, estão se refugiando no entorno da rodovia.

Logo no início do Rodoanel é possível ver novos barracos surgindo ao redor da comunidade Jardim da Paz, já instalada há 14 anos na região, segundo os moradores.

"O Jardim foi se regularizando, recebendo esgoto, luz e asfalto. Com isso, o aluguel foi ficando caro e as famílias estão sendo empurradas. Onde tem espaço a gente constrói", diz o líder comunitário Natalini Rodrigues da Silva, de 52 anos.

Ele nega ligação com partidos políticos ou movimentos sociais. "Aqui são só pessoas em busca de ter onde viver", disse.

Enquanto a favela resiste, os novos espaços vão sendo ocupados. De um lado, barracos feitos com madeirite e telhas abrigam cerca de 2 mil famílias, há pelo menos dois anos.

O local é uma extensão do Jardim da Paz e tem sido chamado pelos moradores como Conquista. "A gente monta e a Guarda Civil tira tudo", disse Silva.

Do outro, começou a nascer, há dois meses, uma nova ocupação, ainda sem nome. Os terrenos, diz, seriam de uma "fazenda abandonada". A reportagem não conseguiu localizar os donos.

Os invasores saíram da favela e também de casas alugadas em Perus, na zona norte da capital. "Não sei ler, não tenho estrutura, aí ninguém quer dar emprego", diz Josefa dos Santos, de 48 anos.

Ex-moradora de Perus, ela veio do interior de Alagoas em busca de melhores condições de vida, mas mal conseguia bancar o aluguel com os bicos que fazia na coleta seletiva.

E mesmo estes desapareceram, o que a fez deixar o local com dois filhos, de 12 e 15 anos. "Fiquei sabendo da invasão e vendi o que pude para construir o barraco", diz ela, que gastou cerca de R$ 2 mil para montar toda a estrutura elétrica e erguer a casinha irregular de um só cômodo.

Conceição Oliveira da Cruz, de 52 anos, chegou no começo da ocupação com sete filhos, o mais novo com apenas 3 anos. Morava no interior da Bahia e era sustentada pelo marido, que morreu.

Em São Paulo, tentou viver de favor com uma vizinha por dois anos. "Não deu certo, era muita gente."

Com apenas 18 anos, Davidson Jesus, de 18 anos, mudou-se com a mulher, de 16, para um barraco no novo local. A menina foi expulsa de casa após o casamento.

Antes, dormiam de favor no carro de um amigo. "Descobri que era roubado", disse. Foi aí que optou pelo terreno do Rodoanel. "Fiz um cartão de crédito com R$ 400 de limite e gastei tudo com o material. Fiquei até com o nome sujo, mas foi o jeito."

Favela

Por toda a extensão do Rodoanel é possível ver outras favelas, muitas delas antigas e já enraizadas. A reportagem conversou com moradores da comunidade Quilômetro 22, no limite com Barueri.

"Eu cresci aqui, fui embora e tive de voltar", contou Cleiton da Silva, de 27 anos.

Desempregado, precisou deixar a casa no Jaraguá, zona oeste, e construir um barraco no mesmo local onde passara a infância. José Leonardo da Silva, de 24, passava pela mesma situação. Veio com a mulher e arrumou um barraco no local em 2014.

"Ameaçam constantemente que vão nos tirar daqui, mas até agora não vieram."

Prefeitura

A Secretaria de Habitação informou que uma das áreas invadidas é de propriedade da Prefeitura. A Subprefeitura de Perus fez, no dia 25 de maio, uma operação "de desfazimento de 12 barracos".

Existe ainda uma outra área ocupada por barracos - no km 1 - de propriedade particular. Já a concessionária CCR informou que não há ocupações na faixa de domínio.

Já o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou que têm surgido, nos últimos anos, invasões independentes. "São ocupações espontâneas."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - O desemprego e a crise econômica têm levado favelas e ocupações irregulares da região do Rodoanel Oeste à expansão. Novos barracos - e até a reconstrução de antigos já derrubados pelo poder público - podem ser vistos desde o início da rodovia, perto das obras do Trecho Norte, até sua ligação com o Trecho Sul.

Os novos moradores são famílias sem ligação com movimentos sociais ou partidos, que vieram, principalmente, das Regiões Norte e Nordeste do País. Sem emprego, estão se refugiando no entorno da rodovia.

Logo no início do Rodoanel é possível ver novos barracos surgindo ao redor da comunidade Jardim da Paz, já instalada há 14 anos na região, segundo os moradores.

"O Jardim foi se regularizando, recebendo esgoto, luz e asfalto. Com isso, o aluguel foi ficando caro e as famílias estão sendo empurradas. Onde tem espaço a gente constrói", diz o líder comunitário Natalini Rodrigues da Silva, de 52 anos.

Ele nega ligação com partidos políticos ou movimentos sociais. "Aqui são só pessoas em busca de ter onde viver", disse.

Enquanto a favela resiste, os novos espaços vão sendo ocupados. De um lado, barracos feitos com madeirite e telhas abrigam cerca de 2 mil famílias, há pelo menos dois anos.

O local é uma extensão do Jardim da Paz e tem sido chamado pelos moradores como Conquista. "A gente monta e a Guarda Civil tira tudo", disse Silva.

Do outro, começou a nascer, há dois meses, uma nova ocupação, ainda sem nome. Os terrenos, diz, seriam de uma "fazenda abandonada". A reportagem não conseguiu localizar os donos.

Os invasores saíram da favela e também de casas alugadas em Perus, na zona norte da capital. "Não sei ler, não tenho estrutura, aí ninguém quer dar emprego", diz Josefa dos Santos, de 48 anos.

Ex-moradora de Perus, ela veio do interior de Alagoas em busca de melhores condições de vida, mas mal conseguia bancar o aluguel com os bicos que fazia na coleta seletiva.

E mesmo estes desapareceram, o que a fez deixar o local com dois filhos, de 12 e 15 anos. "Fiquei sabendo da invasão e vendi o que pude para construir o barraco", diz ela, que gastou cerca de R$ 2 mil para montar toda a estrutura elétrica e erguer a casinha irregular de um só cômodo.

Conceição Oliveira da Cruz, de 52 anos, chegou no começo da ocupação com sete filhos, o mais novo com apenas 3 anos. Morava no interior da Bahia e era sustentada pelo marido, que morreu.

Em São Paulo, tentou viver de favor com uma vizinha por dois anos. "Não deu certo, era muita gente."

Com apenas 18 anos, Davidson Jesus, de 18 anos, mudou-se com a mulher, de 16, para um barraco no novo local. A menina foi expulsa de casa após o casamento.

Antes, dormiam de favor no carro de um amigo. "Descobri que era roubado", disse. Foi aí que optou pelo terreno do Rodoanel. "Fiz um cartão de crédito com R$ 400 de limite e gastei tudo com o material. Fiquei até com o nome sujo, mas foi o jeito."

Favela

Por toda a extensão do Rodoanel é possível ver outras favelas, muitas delas antigas e já enraizadas. A reportagem conversou com moradores da comunidade Quilômetro 22, no limite com Barueri.

"Eu cresci aqui, fui embora e tive de voltar", contou Cleiton da Silva, de 27 anos.

Desempregado, precisou deixar a casa no Jaraguá, zona oeste, e construir um barraco no mesmo local onde passara a infância. José Leonardo da Silva, de 24, passava pela mesma situação. Veio com a mulher e arrumou um barraco no local em 2014.

"Ameaçam constantemente que vão nos tirar daqui, mas até agora não vieram."

Prefeitura

A Secretaria de Habitação informou que uma das áreas invadidas é de propriedade da Prefeitura. A Subprefeitura de Perus fez, no dia 25 de maio, uma operação "de desfazimento de 12 barracos".

Existe ainda uma outra área ocupada por barracos - no km 1 - de propriedade particular. Já a concessionária CCR informou que não há ocupações na faixa de domínio.

Já o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou que têm surgido, nos últimos anos, invasões independentes. "São ocupações espontâneas."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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