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Crise ajudou a politizar (e polarizar) o Brasil, diz consultoria

De julho de 2015 a julho de 2017, o debate político dominou as redes sociais brasileiras, segundo a consultoria .MAP

Protestos: polarização da parcela mais politizada acaba afastando (Mario Tama/Getty Images/Getty Images)

Protestos: polarização da parcela mais politizada acaba afastando (Mario Tama/Getty Images/Getty Images)

Luiza Calegari

Luiza Calegari

Publicado em 25 de agosto de 2017 às 06h30.

Última atualização em 25 de agosto de 2017 às 06h30.

São Paulo – As crises econômica e política colocaram Brasília no centro das atenções nas redes nos últimos dois anos, de acordo com um levantamento realizado pela consultoria .MAP.

A empresa montou o Índice de Impacto (IP Brasil – Opinião), para mensurar os assuntos mais abordados nas redes sociais, como Facebook e Twitter (já descartando o trabalho de militância feito por robôs), na mídia online, impressa, na TV e no rádio.

No total, entre julho de 2015 e julho de 2017, o impacto positivo sobre os principais temas da agenda nacional foi de 46%. Essa porcentagem representa o otimismo dos brasileiros em relação à política, economia e bem-estar social.

Apesar de os brasileiros manterem o otimismo sobre os grandes temas, o resultado ainda está abaixo do necessário para que a percepção seja considerada boa. Uma porcentagem abaixo de 50% indica "deterioração", segundo a escala da .MAP.

Entre 2015 e 2016, no entanto, o IP estava mais baixo: 32%, que aponta crise institucional. Melhorou entre 2016 e 2017, indo para 50%, que está no limite de uma boa percepção.

O tema mais comentado nas redes ao longo destes dois anos foi a operação Lava Jato, que conta com uma percepção positiva de 67%.

Em seguida, enquanto os formadores de opinião se preocupavam com o governo Temer, o segundo tema mais comentado por usuários "comuns" das redes foi o desemprego.

O cientista político Humberto Dantas, que participou do evento de divulgação dos dados da .MAP, ressaltou que essa politização da sociedade carrega alguns aspectos negativos.

"Mesmo entre essa parcela mais qualificada para discutir política, que no mínimo se interessa pelo tema, o nível do debate ainda é baixo, e muito agressivo. Isso acaba afastando do debate a parcela da população que não se interessa pelo tema e nem se identifica com algum dos lados da polarização", afirmou.

Além disso, o cenário futuro é recheado de incertezas, e esses indicadores ainda devem oscilar bastante, afirma Dantas.

“Só nos próximos meses, temos três momentos de indefinição importantes: até setembro, é preciso definir que regras vão valer para a próxima eleição; até abril (de 2018), os candidatos ainda podem mudar de partido; e os partidos têm até agosto para definir seus candidatos. Vamos ter outra eleição corrida, estranha. E ainda tem o maior fator surpresa nos aguardando: se Lula poderá ser candidato ou não. Sem ele, a próxima eleição deve ser a mais incerta desde 1989”, disse Dantas.

Política, economia e bem-estar

Se considerarmos cada um dos critérios da pesquisa separadamente, é possível perceber que a economia é o maior motivo para pessimismo: o IP está em 32%, indicando crise.

Na política, o impacto positivo é de 38%, um pouco melhor que a economia, mas ainda em nível de crise também.

O único critério que apresentou um índice melhor foi o de bem-estar, com IP de 49%.

Segundo Marília Stabile, jornalista, psicanalista e diretora geral da .MAP, o otimismo no campo do bem-estar aparece de forma acentuada no debate sobre temas como homofobia, racismo e discriminação de gênero, que estão sendo identificados e repudiados pela sociedade como um todo.

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