Brasil

Criminosos assaltam banco em Criciúma e deixam cidade sitiada

Ataque durou mais de uma hora e a prefeitura pediu ajuda a batalhões de municípios vizinhos e também para cidades do Rio Grande do Sul

Criminosos assaltam bancos em Criciúma, fazem reféns e deixam cidade sitiada (CAIO MARCELLO/AGIF/Estadão Conteúdo)

Criminosos assaltam bancos em Criciúma, fazem reféns e deixam cidade sitiada (CAIO MARCELLO/AGIF/Estadão Conteúdo)

AO

Agência O Globo

Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 08h13.

Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 11h32.

O centro de Criciúma, no sul de Santa Catarina, viveu uma madrugada de terror nesta terça-feira após uma quadrilha de criminosos sitiar a cidade para assaltar uma agência do Banco do Brasil. Armados de explosivos, pistolas e fuzis, um grupo invadiu a tesouraria regional de um banco, provocou incêndios, bloqueou ruas e acessos à cidade. Eles ainda usaram reféns como escudos e dispararam várias vezes. De acordo com o G1, duas pessoas ficaram feridas, entre elas um policial militar e um vigilante.

O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor

De acordo com Polícia Civil, cerca de 30 homens encapuzados participaram da ação. Ainda de acordo com o G1, ninguém foi preso até o momento. A prefeitura da cidade pediu ajuda a batalhões de municípios vizinhos e também para cidades do Rio Grande do Sul.

Informações preliminares da PM indicam que a ação começou às 23h50 de segunda-feira e durou 1 hora e 45 minutos. Ninguém morreu, mas o policial ferido foi atingido na região do abdômen e levado ao hospital. O estado de saúde dele é considerado estável. Ainda não há informações sobre o estado de saúde da outra vítima.

Durante o assalto, pessoas foram feitas reféns e cercadas por criminosos. Em uma das ruas da cidade, foram obrigadas a sentar no meio da pista. Os bandidos também construíram bloqueios e barreiras para conter a chegada da polícia ao local do crime.

Os criminosos conseguiram fugir, mas deixaram parte do dinheiro espalhado pelas ruas. Quatro pessoas da cidade foram detidas depois de recolherem R$ 810 mil que ficaram jogados no chão após a explosão durante o assalto. Segundo a Polícia Civil, eles foram encontrados em um apartamento com o dinheiro dentro de duas malas. Dois suspeitos de 24 anos e outros dois de 27 e 28 anos devem ser encaminhadas ao Presídio Regional. Além disso, a polícia encontrou espalhado pelas ruas cerca de R$ 300 mil.

- Eles não conseguiram carregar todo o dinheiro. Na verdade, tem quatro presos aqui que se aproveitaram da situação. O dinheiro ficou caído e quando a minha equipe chegou no local, inclusive tinha um individuo tentando carregar o dinheiro e a gente fez a abordagem - afirmou o delegado Ulisses Gabriel.

A polícia encontrou 10 carros de luxo, com placas do estado de São Paulo, utilizados pelos criminosos. Os veículos estavam em um milharal em Nova Veneza, cidade vizinha, e eram de "alta potência e grande valor comercial", segundo o delegado Vitor Bianco. Os valores envolvidos na ação ainda não foram divulgados. Cerca de 30 quilos de explosivos foram deixados para trás pelos assaltantes.

O prefeito da cidade, Clésio Salvaro (PSDB), foi às redes sociais pedir à população para não sair de casa.

"Criciúma é alvo de um assalto de grandes proporções. Junto às autoridades militares e forças de segurança, seguimos monitorando e acompanhando o desenrolar dos fatos. Fiquem em casa. MUITO CUIDADO! ", postou o prefeito.

Reféns no meio da rua

Imagens em redes sociais mostraram o momento em que funcionários da prefeitura de Criciúma foram feitos reféns pelos bandidos. Em seguida, foram obrigados a ficar sentados em uma faixa de pedestres, sem camisa, para bloquear a rua e dificultar a resposta das forças de segurança. Outro vídeo mostra os criminosos utilizando armas pesadas e andando tranquilamente pelas ruas da cidade.

O prefeito afirmou que os reféns, usados como uma barreira pela quadrilha, foram liberados sem ferimentos. Eles seriam funcionários do município que limpavam as ruas e outros pintavam faixas de trânsito no momento do assalto.

A PM informou que o grupo incendiou um túnel no município de Tubarão, que dá acesso a Criciúma, para tentar impedir que reforços chegassem até o local. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os bandidos também atravessaram um caminhão, com placa de São Paulo, no túnel que fica na BR-101.

Os criminosos também atacaram o Batalhão da Polícia, atearam fogo a um veículo e atiraram em transformadores de energia. Até o momento, tudo indica que a ação foi muito bem planejada pelo grupo. Os bandidos deixaram até instrumentos de metal capazes de furar pneus de carros espalhados pelas ruas.

Victor Bianco Junior, delegado regional de Criciúma, afirmou em entrevista à Globo News que os criminosos fugiram deixando dinheiro no local, mas que ainda não foi possível avaliar a quantidade levada pelos bandidos.

- Nós acreditamos, sim, que o valor levado é bastante grande, pelos vídeos que circulam nas redes sociais aqui, onde teria uma enorme quantidade de dinheiro na caçamba de uma caminhonete - declarou o delegado.

Fuga e 'novo cangaço'

A fuga dos bandidos, ainda foragidos, foi cinematográfica. Em um comboio, os 10 carros passaram por várias ruas da cidade, deixando pelo menos um malote de dinheiro, notas, cápsulas e explosivos para trás. A imagem também foi gravada por moradores e divulgada em redes sociais. O prefeito da cidade classificou a fuga como uma "cena surreal".

Em entrevista ao G1, o tenente-coronel Cristian Dimitri Andrade, do 9ª Batalhão da Polícia Militar (9º BPM), informou que agentes de segurança de outros três municípios foram convocados para reforçar o efetivo em Criciúma. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Choque da PM de Florianópolis também foram acionados. Segundo Andrade, a quadrilha é especializada e compõe um "novo cangaço".

- Uma quadrilha do crime organizado, que é especializada em assalto a banco. A gente chama de modalidade 'novo cangaço'. Eles fazem assaltos simultâneos, atacam quarteis, como atacaram no batalhão também - disse em entrevista.

Acompanhe tudo sobre:BancosBB – Banco do BrasilCrimeSanta Catarina

Mais de Brasil

'Tentativa de qualquer atentado contra Estado de Direito já é crime consumado', diz Gilmar Mendes

Entenda o que é indiciamento, como o feito contra Bolsonaro e aliados

Moraes decide manter delação de Mauro Cid após depoimento no STF

Imprensa internacional repercute indiciamento de Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe