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Cresce ‘geração-canguru’, que não sai de casa

Em 2012, um quarto (24,3%) das pessoas de 25 a 34 anos vivia com os pais


	Jovens em busca de emprego: fenômeno é mais comum nas famílias de alta renda da região Sudeste
 (Natalie Behring/Getty Images)

Jovens em busca de emprego: fenômeno é mais comum nas famílias de alta renda da região Sudeste (Natalie Behring/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2013 às 19h25.

Rio - Uma combinação de fatores financeiros e emocionais tem levado jovens adultos a adiar a saída de casa. A decisão de continuar a estudar, casar e ter filhos mais tarde e economizar para o futuro, além do conforto de não assumir tantas responsabilidades, fez crescer, na última década, a proporção de cidadãos de 25 a 34 anos que continuam a morar com os pais e formam a chamada "geração-canguru". Em 2012, um quarto (24,3%) das pessoas nesta faixa etária vivia com os pais. Em 2002, a proporção era de 20,5% - um em cada cinco jovens.

O fenômeno é mais comum nas famílias de alta renda da região Sudeste, aponta a Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os homens são os mais resistentes a deixar a casa dos pais: a "geração-canguru" tem 60% do sexo masculino e 40% feminino. Em geral, trabalham e têm alta escolaridade.

"A geração-canguru é um fenômeno mundial, não necessariamente por falta de condição de os filhos saírem de casa, mas por escolha. Preferem fazer graduação, mestrado ou doutorado na casa dos pais, retardam a formação de uma nova família e também buscam comodidade. É surpreendente que 60% sejam homens. Acredito que, especialmente no caso das mulheres, outro fator é a decisão de cuidar dos pais e de estar mais perto deles", diz a presidente do IBGE, Wasmália Bivar.

"É interessante também que aconteça mais nas famílias de alta renda. Quanto mais ricos os pais, mais os filhos querem ficar na casa deles", destaca Wasmália. Enquanto apenas 6,6% das famílias de renda per capita de até meio salário mínimo têm filhos de 25 a 34 anos vivendo com os pais, essa proporção sobe para 15,3% nas famílias com renda de 2 a 5 salários mínimos per capita e 14,7% naquelas com renda per capita de mais de 5 salários mínimos.

O fato de que as faixas de baixa renda constituem famílias mais cedo explica, em parte, essa diferença. A Síntese dos Indicadores Sociais mostra que as mulheres estão adiando a decisão de terem o primeiro filho, especialmente nos Estados das regiões mais ricas, Sudeste e Sul. No Sudeste, 28% das mulheres de 30 a 34 anos não têm filhos, proporção que cai para 15,9% no Norte. Nestas duas regiões também estão as maiores diferenças sobre a presença da "geração-canguru": no Sudeste, 26,7% dos jovens adultos de 25 a 34 anos ainda vivem com os pais, enquanto no Norte são 18,5%.

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