(José Luis da Conceição / Governo de SP/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de dezembro de 2020 às 14h20.
Se a requalificação do Vale do Anhangabaú, projeto que marcou a gestão de Bruno Covas (PSDB) no atual mandato, não foi muito exposta durante a campanha eleitoral por causa das polêmicas que gerou, a previsão para o próximo governo é de ampliar a vitrine com novos investimentos. E, se as propostas apresentadas pelo tucano forem concretizadas, a área da mobilidade é a que deve concentrar os mais visíveis canteiros de obras a partir de 2021.
Às vésperas da eleição, Covas já havia intensificado o plano de reforma de calçadas que, em seu governo, foi assumido pela Prefeitura - gestões anteriores atribuíam essa função a proprietários de imóveis. Para os próximos quatro anos, a previsão é alcançar 1,5 milhão de metros de passeios públicos revitalizados e ao menos R$ 140 milhões investidos.
Na campanha, o agora prefeito reeleito não especificou o valor total de seu plano, mas deu a entender que exigiria cerca de R$ 4,5 bilhões anuais para sair do papel. Até 2024, portanto, a soma chegaria a R$ 18 bilhões - valor acima dos R$ 12,2 bilhões aplicados em melhorias desde 2017. O valor inclui pagamento de precatórios, ou seja, não foi totalmente empenhado para melhorias.
Para a próxima gestão, os 90 quilômetros de corredores de ônibus prometidos e o BRT da Avenida Aricanduva, na zona leste, devem exigir recursos de R$ 2 bilhões a R$ 4 bilhões, a depender do modelo escolhido e da necessidade de desapropriações para executá-los. É a cifra mais cara colocada no plano de governo atualizado pelo tucano ao longo da gestão.
“É importante que nessa nova gestão, Covas encaminhe de fato esses projetos. No atual governo, ele retirou mais de R$ 1 bilhão das obras previstas, prejudicando o sistema”, diz o coordenador do grupo de mobilidade do Idec, Rafael Calabria. “A lista para 2024 tem importantes corredores, como os das Avenidas Celso Garcia e Aricanduva, na zona leste, e também o desenhado para o bairro do Campo Limpo, na zona sul, que inclui uma reformulação urbana do entorno, com requalificação de calçadas, por exemplo.”
Outra prioridade apontada por Calabria é a destinação de recursos para o corredor Bandeirantes-Salim Maluf, que, segundo ele, poderia ser executado de forma mais barata, já que há espaço viário para a obra. “Ele faria uma conexão extremamente importante para a mobilidade da cidade, ligando a zona leste à zona sul e ajudando a desafogar o tráfego do centro a partir de um novo eixo de transporte coletivo.” A obra não está prevista no plano.
O tucano ainda promete “inovar” nos meios de transporte oferecidos pela Prefeitura a partir do Aquático, nome do projeto que visa a criação de um sistema de barcos para facilitar a mobilidade de quem vive às margens das represas Billings e Guarapiranga, ambas na zona sul. O plano inicial prevê 3,4 km de extensão e R$ 122 milhões para sua implementação.
Outra demanda esperada pela população da zona sul é a duplicação da Estrada do M’Boi Mirim, obra avaliada em R$ 600 milhões e de difícil execução pela necessidade de desapropriações. Na atual gestão, foi firmado um convênio com o governo estadual, que repassou a responsabilidade do projeto ao Departamento de Estradas e Rodagem (DER). A licitação, no entanto, está suspensa pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
O plano de mobilidade de Covas até 2024 também inclui mais 500 km de ciclovias e ciclorrotas pela cidade, a construção de seis novos terminais de ônibus e a conclusão do complexo viário Pirituba-Lapa, na zona oeste - ponte sobre a Marginal do Tietê com obra iniciada.
Durante a campanha, Covas disse que optou por requalificar corredores de ônibus existentes que demandavam manutenção e que enfrentou dificuldades financeiras, judiciais e administrativas que prejudicaram a ampliação da rede de corredores.
Além do custo alto do plano de mobilidade, há outras obras caras previstas no plano do segundo mandato de Covas, como urbanização de favelas, com gastos da ordem de R$ 450 milhões, e construção de mais 12 CEUs, cujo orçamento previsto é de R$ 568 milhões.