Alckmin quer cortar o bônus de servidores de 174 escolas ocupadas: a Apeoesp, maior sindicato de professores da rede, pretende ir à Justiça contra a medida (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2015 às 12h34.
São Paulo - Após a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) cortar o bônus dos servidores de 174 escolas estaduais ocupadas por alunos, cerca de 15 mil funcionários perderam a chance de receber a gratificação no ano que vem.
A Apeoesp, maior sindicato de professores da rede, pretende ir à Justiça contra a medida.
Segundo o governo, a suspensão do bônus ocorreu porque nesses colégios não foi realizada ou concluída a aplicação do Saresp, prova que mede o índice de qualidade de cada escola.
A nota desse exame também é usada para calcular a gratificação - paga a funcionários, incluindo diretores, docentes e equipe de limpeza - das escolas que atingiram a meta fixada pelo governo. Sem o Saresp, diz o Estado, não é possível saber quem atingiu o patamar necessário.
O número de funcionários que vão ficar sem bônus foi levantado pela reportagem com base nos dados do Censo Escolar 2014. A Secretaria da Educação do Estado (SEE) não disse o total de servidores atingidos pelo corte.
No início deste ano, o governo pagou R$ 1 bilhão em bônus a 232 mil servidores.
"Não deveria ter a prova (Saresp) de modo nenhum. O ambiente está contaminado pela insegurança provocada por essa reorganização", critica Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp.
"Não fomos nós que criamos esse problema, mas a própria secretaria", acrescenta.
A pasta também não informou qual será o procedimento adotado para o bônus nos casos em que houve boicote à prova, defendido pelos alunos nas redes sociais e pela Apeoesp. A SEE confirma que não houve Saresp apenas nas 174 escolas ocupadas nos dias da prova.
Esse grupo representa cerca de 3,4% das 5.147 unidades da rede. A expectativa inicial era de que 1,2 milhão de alunos fizessem o exame - balanço preliminar da secretaria mostra que o Saresp atingiu 1 milhão de estudantes.
Impasse
A professora Flávia Bischain critica a medida. "O governo está tentando punir os professores, diante da incapacidade de resolver o conflito com os alunos."
Ela dá aulas de Sociologia na Escola Martin Damy, na Brasilândia, zona norte, um dos colégios ocupados. "Na prática, não vai funcionar. Não vamos tirar nosso apoio à luta."