Vídeo de Bolsonaro se comparando a um leão (Twitter/Reprodução)
João Pedro Caleiro
Publicado em 28 de outubro de 2019 às 18h11.
Última atualização em 28 de outubro de 2019 às 19h38.
São Paulo - A conta oficial de Jair Bolsonaro no Twitter publicou nesta segunda-feira (28), e apagou algumas horas depois, um vídeo que mostra um leão identificado como o presidente sendo cercado por hienas agressivas.
Elas são identificadas com nomes que incluem o STF (Supremo Tribunal Federal), o PSL, a Organização das Nações Unidas (ONU), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), partidos como PT, PSOL e PSDB e o Movimento Brasil Livre (MBL).
Também há hienas com o título de Greenpeace, CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), "feminismo", "isentões", "Lei Rouanet", "via sensata" e veículos de imprensa, como Folha e Globo.
Eventualmente, um novo leão entra no quadro com o título “conservador patriota”, e o vídeo traz os apelos: “Vamos apoiar o nosso presidente até o fim e não atacá-lo” e "Já tem a oposição pra fazer isso!". O vídeo acaba com a bandeira do Brasil e uma foto de Bolsonaro de braços abertos.
“China, Argentina, Bolívia, Peru, Equador... Mais que a vida, a nossa LIBERDADE. Brasil acima de tudo! Deus acima de todos!”, era a legenda da publicação, fazendo referência a países da região que tiveram eleições ou distúrbios recentemente.
Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) disse que não participou da postagem do vídeo e não comentará a publicação. Apesar de ter sido apagado, o vídeo ainda circula em outras contas:
— jorge leques (@JorgeLeques) October 28, 2019
É a segunda vez em 11 dias que a conta oficial de Bolsonaro faz e apaga uma publicação. A primeira foi no dia 17, alguns dias antes do Supremo Tribunal Federal (STF) voltar a julgar a prisão de condenados em segunda instância.
“Aos que questionam, sempre deixamos clara nossa posição favorável em relação à prisão em segunda instância”, escreveu, citando ainda uma proposta de emenda constitucional que está no Congresso a favor dessa posição.
Na época, o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, admitiu que ele havia sido o autor da postagem. Ele já foi apontado pelo próprio Jair Bolsonaro como alguém que pode acessar suas mídias sociais e que foi responsável por elegê-lo.
Bolsonaro está em crise com o PSL, negocia migrar para outras legendas e disse na última semana que pode até mesmo ficar sem partido algum.
O presidente está hoje em Riad, na Arábia Saudita, onde cumpre agenda de viagens pela Ásia e Oriente Médio.
(Com Estadão Conteúdo)