(Nacho Doce/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 1 de outubro de 2018 às 01h03.
Última atualização em 1 de outubro de 2018 às 12h51.
São Paulo - O debate da TV Record, realizado na noite deste domingo (30), foi marcado por questionamentos sobre o compromisso democrático dos candidatos à Presidência que lideram as pesquisas eleitorais.
Jair Bolsonaro (PSL) declarou na sexta-feira (28) que não reconheceria resultado que não fosse sua eleição; hoje, ele disse que não teria “nada para fazer” em caso de derrota.
O candidato sofreu uma facada em Juiz de Fora no último dia 06 e teve alta do hospital ontem, mas sua ausência dos embates diretos com adversários já está sendo questionada.
Ciro Gomes, candidato à Presidência pelo PDT, disse que participou de um debate mesmo passando por tratamento médico que incluiu uma breve hospitalização e com uso de sonda, em referência ao embate do SBT, na semana passada.
Marina Silva disse que Bolsonaro "fala muito grosso, mas tem momentos em que ele amarela" e classificou o pré-questionamento do resultado como, além de uma afronta à Constituição, "palavras de quem já está com medo da derrota".
Henrique Meirelles (MDB) disse que "nenhum país democrático tem um Bolsonaro como presidente".
Neste sábado, dezenas de atos de rejeição à candidatura de Bolsonaro ocorreram em cidade do Brasil e do exterior; a mobilização partiu de mulheres, parcela da população em que ele tem rejeição elevada.
Bolsonaro também tem um histórico de declarações de ataques à minorias sexuais e de defesa da tortura e da ditadura militar. No domingo, manifestações pró-Bolsonaro responderam reunindo manifestantes em oito capitais e 16 cidades.
No debate da Record, Ciro Gomes atacou Fernando Haddad (PT) por outro tema que tem sido levantado: a proposta de convocar uma Constituinte caso eleito, que está no plano de governo petista.
Durante ato de campanha em Goiânia, o candidato petista confirmou que colocará a proposta em andamento, mas disse que o texto sofreu alterações, que não foram detalhadas.
No debate, Haddad foi questionado e argumentou que a ideia é "criar condições" para a Constituinte. Ciro rebateu: "Você não acredita em nenhuma palavra que você disse agora. Não existe poder constituinte no Presidente da República".
Segundo Ciro, as reformas precisam ser feitas seguindo os ritos no Congresso. O pedetista afirmou ainda que as palavras ditas por Haddad "foram postas" na boca dele porque ele estaria encarregado de "vingar" o partido na campanha.
Ciro chegou a comparar a proposta do petista com a do vice de Jair Bolsonaro (PSL), General Mourão, que defendeu a possibilidade de uma nova Constituição, mas sem Constituinte - ela seria elaborada por um grupo de "notáveis" não eleitos e depois levada a um plebiscito.
Haddad negou semelhança com o modelo defendido por Mourão. "Para mim, a liberdade e a democracia vêm sempre em primeiro lugar", disse Haddad.
Alvaro Dias (Podemos) e Geraldo Alckmin (PSDB) fizeram uma dobradinha contra os "radicais" e a polarização entre Bolsonaro e Haddad no primeiro turno da eleição. Marina disse que "o PT e Bolsonaro são cabos eleitoreiros um do outro".