Concursos: governo vai propor elevar cotas raciais para 30%, com metade destinada a mulheres pretas
Ministério da Gestão trabalha em conjunto com a pasta de Igualdade Racial. Projeto de lei deve ser enviado ao Congresso nas próximas semanas
Agência de notícias
Publicado em 21 de setembro de 2023 às 07h55.
Última atualização em 21 de setembro de 2023 às 07h56.
O governo Lula vai propor um aumento de 20% para 30% no percentual de reserva de vagas em concursos públicos da União para candidatos pretos ou pardos. Metade dessa reserva terá de ser ocupada prioritariamente por mulheres negras, no que o Ministério da Igualdade Racial chama de subcota.
A medida será sugerida em projeto de lei que será enviado ao Congresso Nacional nas próximas semanas. O texto aguarda aval da Casa Civil.
A proposta é elaborada em conjunto pelas pastas da Igualdade Racial e Gestão e Inovação, além do Ministério da Justiça. A atual lei de cotas para concursos públicos é de 2014 e não prevê o estabelecimento de subcotas.
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O texto estabelece que a reserva de vagas vale para cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da “administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União”.
Resultado frustrante
A diretora de ações afirmativas do Ministério da Igualdade Racial, Anna Venturini, explica que os 20% estabelecidos na lei vigente provocou efeito mais baixo que o esperado, com pouca inserção de negros no serviço público desde então. Ela lembrou que um número pequeno de concursos foi realizado nos últimos anos, impedindo a aplicação efetiva da medida.
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— A gente pensou em avançar na questão da abrangência, ampliar o percentual de reserva. Vimos que, nos últimos anos da lei de cotas, não conseguimos implementar na forma como gostaríamos por uma série de fatores. Um deles é que tivemos uma oferta de concursos muito baixa. Tivemos uma oferta de concursos menor do que era esperada quando a lei foi aprovada. Um dos motivos foi o teto de gastos — explicou.
Anna afirma que o objetivo é aumentar a representação racial de forma mais acelerada. A quantidade de funcionários pretos ou pardos em cargos da administração direta ou indireta é de apenas 36% hoje, bem abaixo da representação desses grupos na população brasileira, pouco acima de 50%.
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A diretora de ações afirmativas ainda lembra que a elevação do percentual de cotas para concursos também influencia diretamente a composição de cargos comissionados, que precisam, necessariamente, ser compostos por servidores concursados.
O próximo concurso público geral do governo deve ter o edital lançado em dezembro deste ano. Mas o próprio governo espera uma aprovação do projeto apenas no início do ano que vem