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Como foi o lançamento da Aliança pelo Brasil, novo partido de Bolsonaro

Evento lotado em Brasília teve críticas ao comunismo e globalismo e discurso do presidente, mas partido ainda tem longo caminho para ser criado oficialmente

Apoiador de Bolsonaro com pôster no lançamento da Aliança pelo Brasil: coleta de assinaturas deverá começar nesta semana (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Reuters

Publicado em 21 de novembro de 2019 às 12h58.

Última atualização em 21 de novembro de 2019 às 18h57.

Brasília - O partido Aliança pelo Brasil , criado pelo presidente Jair Bolsonaro após romper com o PSL, foi lançado oficialmente nesta quinta-feira (21) com a promessa de combater o comunismo, o globalismo e "toda ideologia que atente contra a dignidade humana e a ordem natural".

A convenção foi realizada no auditório lotado de um dos hotéis mais caros de Brasília. Questionada sobre quem pagou pela organização do evento, a advogada Karina Kufa, agora tesoureira da Aliança, não respondeu de imediato.

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O presidente Bolsonaro será o presidente da comissão provisória da legenda, com o seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), como vice-presidente e o advogado Admar Gonzaga como secretário-geral. O filho caçula do presidente, Jair Renan, que ainda não tem atividade política, também fará parte da comissão.

A maioria dos parlamentares do PSL, que pretendem migrar para a nova sigla, ocupava as primeiras fileiras do auditório. Alguns não conseguiram lugar nas primeiras cadeiras porque chegaram mais tarde. Outros quase não conseguiram entrar.

Segunda maior bancada parlamentar na Câmara dos Deputados, o PSL conta com 53 deputados no total. No Senado, a legenda possui três integrantes.

Para ser registrado oficialmente e poder disputar eleições, a Aliança ainda tem um longo caminho: será necessária a coleta de 500 mil assinaturas em pelo menos nove estados, e todas precisam ser validadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O prazo para que o partido seja registrado no TSE a tempo de disputar as eleições municipais de 2020 é apertado: termina em março do ano que vem. A expectativa de Bolsonaro é que o TSE autorize a coleta de assinaturas por meio eletrônico, o que é visto como improvável. Caso seja manual, a criação da legenda deve ficar para o final de 2020.

Bolsonaro

Em discurso de cerca de meia hora na cerimônia, Bolsonaro disse que a Aliança é uma oportunidade de unir "todos os brasileiros de bem" pelo futuro do país, depois de ter enfrentado "problemas" em sua legenda anterior, o PSL.

O presidente também aproveitou para dizer que seu governo fez o Brasil recuperar a confiança do mundo, citou como exemplo a redução da taxa de juros e se comprometeu com a abertura comercial.

O discurso de Bolsonaro também incluiu uma defesa da política e das instituições, num momento em que alguns de seus apoiadores e de seus filhos atacam o Supremo Tribunal Federal (STF), a democracia e parlamentares.

"Tudo passa pela política, não adianta reclamar do Parlamento, do presidente da República, do Poder Judiciário, tudo aqui é política", disse Bolsonaro. "Nós temos que trabalhar para que essas instituições, cada vez mais, sejam aperfeiçoadas", acrescentou. "Vamos fazer críticas, mas críticas moderadas", acrescentou.

O presidente disse que haverá uma "seleção" de pessoas para comandar o novo partido nos Estados e que não haverá espaço para quem queira "negociar legenda".

Hoje mais cedo, ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que nenhum dos ministros de governo irá se filiar ao novo partido para evitar a interpretação de uso da máquina pública. O evento de lançamento, no entanto, contou com a presença do ministro da Educação, Abraham Weintraub

Princípios

Foi a advogada Karina Kufa que fez a leitura dos princípios do partido no evento. "O povo deu norte da nova representação política. Em 2019, novo passo precisa ser dado. Criar partido que dê voz ao povo brasileiro", afirmou. Ela disse que o partido é conservador, comprometido com a liberdade e ordem, soberanista e de oposição às "falsas promessas do globalismo".

O programa afirma que o partido "reconhece o lugar de Deus na vida, na história e na alma do povo brasileiro" e também defende a posse de armas; o evento também contou com um placa com logotipo da nova sigla formado por cartuchos de armas de grosso calibre.

Karina disse que o partido "se esforçará para divulgar verdades sobre crimes do movimento revolucionário, como comunismo, globalismo e nazifascismo". Ainda segundo a advogada, o partido estabelecerá relações com siglas e entidades de países que "venceram o comunismo", como os do Leste Europeu.

"O Aliança pelo Brasil repudia o socialismo e o comunismo", disse Karina. A frase foi bastante aplaudida pelos presentes. A plateia começou a gritar: "A nossa bandeira jamais será vermelha".

Na chegada ao local, dezenas de pessoas não tiveram autorização para entrar no local onde Bolsonaro faria seu discurso, mesmo tendo recebido convites.

Além dos convidados, cerca de 100 pessoas assistiram à fala do presidente e de outros membros do novo partido através de um telão colocado no gramado do hotel. Apenas poucos jornalistas tiveram acesso ao auditório principal.

(Com reportagem de Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello)

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