Rua 25 de Março, São Paulo. (Fabio Marra/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 16h14.
O Centro de Contingência da Covid-19 do estado de São Paulo estuda medidas mais restritas para conter o avanço no número de internações pela doença, que chegou ao maior pico desde o início da pandemia na quinta-feira, 25, com 6.767, segundo dados da Secretaria da Saúde. A taxa de ocupação de leitos de UTI está em 70% tanto no estado quanto na capital paulista.
Entre as possibilidades analisadas está a suspensão até mesmo das atividades essenciais, como supermercados, postos de gasolina e farmácias, e se aproximar de um lockdown, em que qualquer deslocamento é proibido. A medida foi amplamente adotada na Europa.
“Estudamos para propor a inclusão de uma nova classificação no Plano São Paulo, com mais restrições do que a fase vermelha. Lembro que na fase vermelha somente os serviços essenciais podem funcionar. Mas pela característica da epidemia nessas últimas semanas, com o que vem acontecendo na região Sul, em Manaus, tudo está em estudo. Isso ainda está em fase de avaliação, e poderá ser encaminhada ou não ao governo de São Paulo”, disse João Gabbardo, coordenador-executivo do comitê de saúde paulista, em entrevista coletiva nesta sexta-feira.
A quarentena em São Paulo é divida em fases, que vão da 1 vermelha - a mais restrita em que somente serviços essenciais podem funcionar - até a 5 azul, em que quase todas as atividades econômicas voltam, mas com algum protocolo, como o uso de máscara e álcool em gel.
Nesta sexta-feira, 26, o secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, apresentou a evolução da doença no estado desde o dia 11 de fevereiro, véspera de Carnaval. Naquele momento, as autoridades alertavam para o aumento nas internações pelas possíveis aglomerações do período. As pessoas internadas em leitos de UTI saltaram de 5.982 para os quase 7.000 em duas semanas, uma taxa diária de crescimento de 1,6%.
Com este cenário, o governo de São Paulo reclassificou as fases da quarentena em todo o estado nesta sexta-feira, 26. O quadro ficou pior em quatro regiões, que passam da fase 3 amarela e regridem para a fase 2 laranja. Neste grupo está a Grande São Paulo, Sorocaba, Registro e Campinas. As medidas começam a valer a partir de segunda-feira, 1° de março.
Com a mudança, o horário de abertura do comércio fica reduzido, passando de até 22 horas para até 20 horas. A capacidade permanece a mesma, com 40%, escolas também ficam abertas. Os bares precisam fechar.
"Nós temos o risco de esgotamento de leitos de UTI no estado se estas medidas não fossem tomadas. Na Grande SP o esgotamento, o colapso, seria em 19 dias. Estamos fazendo o melhor mas tudo tem limite, recursos humanos, espaço em UTI, nós temos o risco de colapsar, e a população tem de acolher aos nossos chamados", alertou Jean Gorinchteyn, em entrevista coletiva.