Comissão do Senado aprova convite a Bebianno para explicar denúncias
Ex-ministro pode ou não depor sobre as denúncias de uso de candidaturas "laranjas" para desvio de recursos eleitorais
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 18h00.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2019 às 18h03.
Brasília - A Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle (CTFC) do Senado aprovou nesta terça-feira, 19, por seis votos a cinco, um requerimento para convidar o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno para prestar depoimento sobre as denúncias de uso de candidaturas "laranjas" para desvio de recursos eleitorais.
A votação do requerimento provocou debate acalorado entre os senadores contra e a favor. Cotado para ser líder do governo no Senado , o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) mostrou preocupação sobre como essa questão pode afetar a votação das reformas, como a da Previdência.
"Nós estamos querendo amplificar uma crise para tirar esse foco da reforma da Previdência . Eu não vejo onde a presença de um ex-ministro de Estado vai contribuir para as matérias que a gente quer que ganhe curso. Essa crise que já encerrou, página virada", disse ele.
Integrante da base do governo, a senadora Selma Arruda (PSL-MT), que ficou conhecida pela carreira como juíza federal, também se posicionou contra a aprovação do requerimento. "Estamos gastando tempo e dinheiro com assunto que não é da nossa competência", disse.
Autor do requerimento, o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) ironizou a postura da base do governo, eleito com forte discurso anticorrupção do PT.
"Ver o governo Bolsonaro abafando a tentativa do Senado de investigar o caso Bebianno não tem preço: o Planalto mudou de inquilino, mas não de práticas. Transparência e combate à corrupção não são compromissos da base do governo no Congresso", escreveu Randolfe.
A aprovação desse convite não significa, no entanto, que Bebianno precisará comparecer ao colegiado. Ele pode se recusar a prestar esclarecimentos no Senado.
Integrantes da base do governo desconfiam, no entanto, que o ex-ministro aceite o convite e resolva falar à comissão.