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Com veia liberal, Moreira Franco conduzirá concessões

O ex-ministro Wellington Moreira Franco é um dos principais aliados do presidente interino Michel Temer


	Moreira Franco: Moreira Franco participou dos governos de Fernando Henrique Cardoso, de Lula e de Dilma
 (Felipe Varanda)

Moreira Franco: Moreira Franco participou dos governos de Fernando Henrique Cardoso, de Lula e de Dilma (Felipe Varanda)

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Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2016 às 17h39.

Brasília - O ex-ministro Wellington Moreira Franco é um dos principais aliados do presidente interino Michel Temer, a tal ponto de o então vice-presidente ter mencionado na famosa carta de “desabafo” à presidente afastada Dilma Rousseff sua insatisfação com a decisão de tirá-lo do comando da Secretaria de Aviação Civil (SAC).

Assim como seu partido, Moreira Franco participou dos governos de Fernando Henrique Cardoso, quando foi assessor especial entre 1998 e 2002, e de Luiz Inácio Lula da Silva (vice-presidente de Fundos e Loterias da Caixa Econômica Federal) e de Dilma, no qual ocupou dois ministérios, a Secretaria de Assuntos Estratégicos e a Secretaria de Aviação Civil.

Depois de deixar a SAC, Moreira Franco passou a ser uma das principais forças críticas ao governo petista dentro do PMDB. No comando da Fundação Ulysses Guimarães, do partido, ele coordenou a elaboração de estudos que embasam o programa de governo de Temer.

Com a experiência de ter liderado o processo de concessão à iniciativa privada dos aeroportos do Galeão (RJ) e Confins (MG), Moreira Franco será o responsável pelo programa de concessões e privatizações do governo Temer. Formalmente deve ser o secretário-executivo do Programa de Parcela de Investimentos.

VEIA LIBERAL

O peemedebista é um liberal convicto. Segundo um ex-auxiliar que participou de reuniões com Moreira Franco na SAC, ele era um dos principais defensores do aumento da participação de empresas estrangeiras no setor aéreo --medida só tomada pelo governo de Dilma após sua saída do cargo. Na SAC, Moreira Franco também era o principal defensor da redução para zero da participação da Infraero nas concessões de aeroportos. Nos primeiros leilões, como no dos terminais de Guarulhos (SP) e Brasília (DF), a estatal precisava ter 49 por cento de participação nas sociedades criadas para administrar as concessões.

“Ele tem uma veia liberal forte, sempre defendeu a participação dos investimentos privados nos ativos de infraestrutura”, disse essa fonte.

No dia a dia do trabalho,  Moreira Franco é visto por antigos colaboradores como um chefe rigoroso. Foi assim, por exemplo, na condução do leilão dos aeroportos e na gestão dos terminais durante a Copa do Mundo de 2014. A atuação dele à frente da aviação durante o Mundial foi, inclusive, citada por Temer na carta a Dilma.

“A senhora, no segundo mandato, à última hora, não renovou o Ministério da Aviação Civil onde o Moreira Franco fez belíssimo trabalho elogiado durante a Copa do Mundo. Sabia que ele era uma indicação minha. Quis, portanto, desvalorizar-me. Cheguei a registrar este fato no dia seguinte, ao telefone”, escreveu Temer a Dilma.

Muito próximo a Temer, era companhia habitual nos almoços na residência oficial da Vice-Presidência, o Palácio do Jaburu, segundo um peemedebista que pediu para não ser identificado.

Foi justamente pela influência de Temer que Moreira Franco, antes de ser ministro de Aviação Civil, ocupou, nos anos iniciais do primeiro mandato de Dilma, a extinta Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Ex-governador do Rio de Janeiro e ex-deputado federal por três mandatos, o novo ministro é conhecido por ser um político habilidoso, intelectualizado e apreciador das formalidades do poder.

Mas Moreira Franco nem sempre foi do PMDB. Quatro anos antes, havia sido candidato a governador pelo PDS, partido que sucedeu a Arena na sustentação do regime militar.

A eleição de 1982 para o governo do Rio de Janeiro ficou famosa pelo escândalo envolvendo a totalização dos votos, numa época em que não existiam urnas eletrônicas, em uma tentativa de evitar a vitória de Leonel Brizola (PDT) em benefício de Moreira Franco. Antes disso, foi prefeito de Niterói (RJ).

Sociólogo, Moreira Franco foi eleito governador do Rio de Janeiro, já pelo PMDB, em 1986, quando, impulsionado pela popularidade do governo Sarney causada pelo Plano Cruzado, o partido elegeu 22 governadores.

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