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Com manutenção de direitos, Temer ganha problema no 1º dia

A petista foi cassada pelos votos de 61 senadores, mas em votação separada ela não perdeu seus direitos políticos

Temer e Dilma: vários senadores que votaram pela cassação se posicionaram contra a perda dos direitos ou se abstiveram na segunda votação (Ueslei Marcelino/ Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2016 às 19h59.

São Paulo - Dilma Rousseff foi condenada por crime de responsabilidade e teve seu mandato presidencial cassado pelo Senado , como estava no script, mas PSDB e DEM não gostaram nada da manutenção dos direitos políticos da agora ex-presidente no julgamento do impeachment , gerando um ruído inesperado, para dizer o mínimo, na base governista.

A petista foi cassada pelos votos de 61 senadores, sete a mais do que o mínimo necessário, mas em votação separada os adversários da agora ex-presidente conseguiram insuficientes 42 votos para que ela perdesse seus direitos políticos.

Isso foi possível porque vários senadores que votaram pela cassação se posicionaram contra a perda dos direitos ou se abstiveram na segunda votação, especialmente peemedebistas, mas não só eles.

A primeira acusação que surgiu desse movimento foi de que haveria algum tipo de acordo entre PT e PMDB para que expediente semelhante possa ser usado no processo de cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que deve ocorrer em setembro.

Acusação grave, mas de fácil checagem, bastando esperar a votação que decidirá o destino de Cunha.

Ao mesmo tempo, líderes e parlamentares do PSDB e do DEM cobraram compromisso do partido do novo presidente da República, o peemedebista Michel Temer , com a base governista.

"Há necessidade urgente de o presidente Temer interferir diretamente, fazer uma reunião com os partidos e exigir uma coisa que nós exigimos. Não dá para um partido se comportar com lealdade aos princípios do governo e do país e a outra parte da base fazer o que bem quer", disse o presidente do DEM, senador José Agripino (RN) a jornalistas.

Mas a perda dos direitos políticos de Dilma era uma votação do interesse nacional? Votar pela manutenção dos direitos da petista contrariou medidas ou políticas do governo Temer?

O comportamento desta tarde significa que peemedebistas e outros parlamentares da base irão contra os interesses do Palácio do Planalto quando chegar a hora de votarem medidas propostas pelo governo, como a reforma da Previdência ou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos? Pode ser que sim.

O mais seguro a dizer, no entanto, pelo menos num primeiro momento, é que não há uma correlação obrigatória entre as duas coisas.

Mas então por que a reação tão irritada de PSDB e DEM? A explicação mais racional é de que toda indignação seria um calculado movimento político: marcar posição e colocar pressão sobre o novo presidente da República e seu partido, o maior e mais importante do novo governo, logo de início.

Nos últimos dias, especialmente os tucanos já vinham fazendo duras críticas ao que consideravam falta de firmeza na condução do ajuste fiscal pelo governo interino.

O episódio do julgamento do impeachment teria dado uma ótima oportunidade para reforçar essa postura de cobrança em relação ao presidente e aos parceiros de governo.

Uma leitura mais passional seria a de que os tucanos, derrotados pelo PT nas últimas quatro eleições para presidente, queriam não só "enforcar" Dilma, mas também "esquartejá-la", para usar a comparação feita por petistas entre a execução de Tiradentes com a cassação e a perda dos direitos políticos.

A irritação teria sido causada porque o resultado final do julgamento do impeachment não trouxe o "serviço completo" desejado e esperado por PSDB e DEM e, aparentemente, combinado com os demais partidos da base.

Aqui, porém, vale um parêntese: uma das três abstenções, ou seja, um dos votos que faltaram para Dilma perder seus direitos políticos foi de uma senadora do DEM de Sergipe.

De qualquer modo, sejam quais forem os reais motivos da reação de tucanos e democratas, Temer ganhou junto com a posse efetiva na Presidência um problema que não esperava.

Esta coluna foi publicada inicialmente no terminal financeiro Eikon, da Thomson Reuters.

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A petista foi cassada pelos votos de 61 senadores, sete a mais do que o mínimo necessário, mas em votação separada os adversários da agora ex-presidente conseguiram insuficientes 42 votos para que ela perdesse seus direitos políticos.

Isso foi possível porque vários senadores que votaram pela cassação se posicionaram contra a perda dos direitos ou se abstiveram na segunda votação, especialmente peemedebistas, mas não só eles.

A primeira acusação que surgiu desse movimento foi de que haveria algum tipo de acordo entre PT e PMDB para que expediente semelhante possa ser usado no processo de cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que deve ocorrer em setembro.

Acusação grave, mas de fácil checagem, bastando esperar a votação que decidirá o destino de Cunha.

Ao mesmo tempo, líderes e parlamentares do PSDB e do DEM cobraram compromisso do partido do novo presidente da República, o peemedebista Michel Temer , com a base governista.

"Há necessidade urgente de o presidente Temer interferir diretamente, fazer uma reunião com os partidos e exigir uma coisa que nós exigimos. Não dá para um partido se comportar com lealdade aos princípios do governo e do país e a outra parte da base fazer o que bem quer", disse o presidente do DEM, senador José Agripino (RN) a jornalistas.

Mas a perda dos direitos políticos de Dilma era uma votação do interesse nacional? Votar pela manutenção dos direitos da petista contrariou medidas ou políticas do governo Temer?

O comportamento desta tarde significa que peemedebistas e outros parlamentares da base irão contra os interesses do Palácio do Planalto quando chegar a hora de votarem medidas propostas pelo governo, como a reforma da Previdência ou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos? Pode ser que sim.

O mais seguro a dizer, no entanto, pelo menos num primeiro momento, é que não há uma correlação obrigatória entre as duas coisas.

Mas então por que a reação tão irritada de PSDB e DEM? A explicação mais racional é de que toda indignação seria um calculado movimento político: marcar posição e colocar pressão sobre o novo presidente da República e seu partido, o maior e mais importante do novo governo, logo de início.

Nos últimos dias, especialmente os tucanos já vinham fazendo duras críticas ao que consideravam falta de firmeza na condução do ajuste fiscal pelo governo interino.

O episódio do julgamento do impeachment teria dado uma ótima oportunidade para reforçar essa postura de cobrança em relação ao presidente e aos parceiros de governo.

Uma leitura mais passional seria a de que os tucanos, derrotados pelo PT nas últimas quatro eleições para presidente, queriam não só "enforcar" Dilma, mas também "esquartejá-la", para usar a comparação feita por petistas entre a execução de Tiradentes com a cassação e a perda dos direitos políticos.

A irritação teria sido causada porque o resultado final do julgamento do impeachment não trouxe o "serviço completo" desejado e esperado por PSDB e DEM e, aparentemente, combinado com os demais partidos da base.

Aqui, porém, vale um parêntese: uma das três abstenções, ou seja, um dos votos que faltaram para Dilma perder seus direitos políticos foi de uma senadora do DEM de Sergipe.

De qualquer modo, sejam quais forem os reais motivos da reação de tucanos e democratas, Temer ganhou junto com a posse efetiva na Presidência um problema que não esperava.

Esta coluna foi publicada inicialmente no terminal financeiro Eikon, da Thomson Reuters.

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