Rio de Janeiro: 919 mortes por covid-19 foram confirmadas e há 570 em análise (Pilar Olivares/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 8 de maio de 2020 às 06h18.
Última atualização em 8 de maio de 2020 às 09h21.
Com a rede de saúde à beira do colapso e mais de mil pessoas à espera de um leito hospitalar, a cidade do Rio se viu diante de um novo pico de mortes por coronavírus, nesta quinta-feira. Epicentro da pandemia no estado, a capital teve confirmadas 155 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas — o triplo do número mais alto registrado até então, que foi de 51 óbitos em um dia.
Tanto no estado quando no município, apesar de oscilações diárias, o sinal de alerta disparou porque cerca de 90% dos leitos com UTIs para Covid-19 já estão ocupados. E há fila de pacientes em busca de vaga para internação.
No estado, também houve recorde de mortes. Segundo o boletim divulgado pela Secretaria estadual de Saúde, o Rio registrou mais 189 óbitos nesta quinta.
O número mais alto em 24 horas tinha sido 82 mortes, na quarta-feira. A triste realidade acontece num momento em que o prefeito Marcelo Crivella e o governador Wilson Witzel estudam a possibilidade de um lockdown.
Só na cidade do Rio, 9.051 pessoas já foram infectadas e 919 morreram. No total, o estado já acumula 1.394 mortes e 14.156 casos desde o início da pandemia. Há ainda 570 óbitos em investigação.
Crivella já disse que analisa as recomendações de lockdown feitas por um relatório da Fiocruz, mas que também recebe pedidos de empresários para aliviar as restrições.
Após fechar nesta quinta o calçadão de Campo Grande, a Guarda Municipal bloqueia, a partir desta sexta, o de Bangu. O governador do Rio, Wilson Witzel, decidiu transferir para os prefeitos a decisão de implantar o lockdown. Ele prometeu que os municípios terão o apoio da polícia.
Diante da escalada da doença, o Rio ganhará na próxima segunda-feira o terceiro hospital de campanha, no Parque dos Atletas, na Barra. Começa com cem leitos e, no dia 22, estará com toda sua capacidade: 200 vagas, sendo 50 em UTI.
O hospital, que custou R$ 50 milhões, é patrocinado pela Rede D’Or (que também fará a gestão), pelo Movimento União Rio, pela Stone Pagamentos, pela Vale e pelo Banco BV.
Diante do avanço descontrolado da Covid-19, Niterói decidiu nesta quinta restringir ainda mais a circulação na cidade, onde 35 pessoas já morreram com a doença e há 629 infectados. Um decreto, aprovado ontem pela Câmara de Vereadores, estabelece multa de R$ 180 para quem permanecer em ruas, praias e praças do município.
O maior rigor do isolamento social vai vigorar de 11 a 15 de maio, podendo ser prorrogado. Só serão autorizados deslocamentos para trabalho ou ida a serviços de saúde, farmácias, supermercados e outros estabelecimentos autorizados a funcionar. A cidade de São Luís, no Maranhão, foi a primeira adotar medidas de lockdown, termo que não foi usado pelo prefeito de Niterói.
Ele determinou ainda que a temperatura de todos que passarem pelas barreiras de acesso à cidade será medida. Segundo ele, o isolamento social hoje é de 55%, mas este índice era 70% em março. Neves admitiu que teme que os próximos dias serão “críticos” na Região Metropolitana.
"Estamos decididos a, junto com a população, vencer essa guerra, com o menor número de mortos possível e com a manutenção dos hospitais públicos e privados em condições de atender pacientes", disse.
O ministro da Saúde, Nelson Teich, visita hoje o Rio. Ontem, ele disse que a pasta pode recomendar o lockdown em alguns casos. A declaração vai na contramão do que defende o presidente Jair Bolsonaro, crítico do isolamento social.
"Isso é uma discussão técnica, que vai variar de acordo com as diferentes situações. Tenho realçado isso. É fundamental que a gente não trate isso como um tudo ou nada", afirmou Teich.