Michel Temer: presidente aceitou a demissão de ex-ministro do Trabalho (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 5 de julho de 2018 às 20h03.
Última atualização em 5 de julho de 2018 às 20h04.
Brasília - Helton Yomura pediu demissão do cargo de ministro do Trabalho nesta quinta-feira, informou o Palácio do Planalto, depois de ter sido afastado da função pelo STF por suspeita de envolvimento em um esquema de concessões irregulares de registros sindicais, e o presidente Michel Temer avalia o destino do ministério.
"O presidente está avaliando, é uma situação que nos entristece obviamente", disse Marun em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
Pouco depois da entrevista, o Planalto divulgou nota informando que Yomura apresentou pedido de demissão a Temer, que aceitou. Mais cedo, Yomura negou qualquer imputação de crime ou irregularidade, por meio de seus advogados.
A terceira fase da operação Registro Espúrio, deflagrada pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal nesta quinta-feira, também prendeu três pessoas e cumpriu mandados de busca e apreensão na Superintendência Regional do Trabalho no Rio de Janeiro, no Ministério do Trabalho e na Câmara dos Deputados.
Em nota, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, disse que a Executiva Nacional do partido colocou o comando do Ministério do Trabalho à disposição do governo e disse apoiar as investigações.
Marun revelou ter conversado com o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), sobre o ministério.
"Eu estive realmente com o líder Jovair e troquei ideias a respeito dessa questão e como não poderia ser diferente, o líder Jovair coloca a posição da bancada de apoio a qualquer decisão que venha a ser tomada pelo senhor presidente", disse Marun.
Marun gastou quase que a entrevista toda para negar qualquer irregularidade ao encaminhar o que chamou de demandas rotineiras que recebe em seu ministério e criticar vazamentos de informação.
Segundo notícias publicadas na mídia, a PF suspeita de envolvimento de Marun com o esquema de fraudes no ministério, mas o ministro Edson Fachin, do STF, manteve o entendimento da Procuradoria-Geral da República (PGR), que avaliou não haver provas no momento dessa ligação.
Marun disse que há cerca de 90 dias recebeu sindicalistas do Mato Grosso do Sul que "tinham várias demandas em relação a sua atividade sindical". Segundo o ministro, ele pediu a uma assessora que acompanhasse os sindicalistas ao Ministério do Trabalho para que fosse verificada a possibilidade ou não do atendimento às reinvindicações.
"Esse ato de rotina, nada mais do que isso, é utilizado de forma nefasta no sentido de denegrir a minha honra e constranger os meus familiares", disse.
Para o ministro, o episódio é uma retaliação por suas críticas ao que chama de abusos de autoridade.
Marun disse que apresentará na próxima segunda-feira representação e queixa-crime na Corregedoria da PF e PGR "contra esses vazamentos que tentam me denegrir".